São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Compasso de espera

Deputados da CPI dos Sanguessugas que estiveram em Cuiabá voltaram a Brasília convencidos de que a resposta ao bordão "de onde veio o dinheiro" do dossiê, repetido à exaustão por Geraldo Alckmin no debate, só será dada depois da eleição. "O problema parece ser definir o que causa mais desgaste: dizer de onde veio ou não dizer", avalia Júlio Delgado (PSB-MG).
Ainda que se identifique a origem de US$ 109,8 mil que entraram no Brasil pelo Sofisa, o restante dos dólares e os reais devem atrasar a divulgação da engenharia financeira da operação. Só no Bradesco, um dos bancos onde teriam sido feitas retiradas para fechar o R$ 1,7 mi, houve mais de 200 mil saques em valores inferiores a R$ 10 mil nos dias que antecederam as prisões de Gedimar Passos e Valdebran Padilha.

Vivo. No decorrer das investigações a respeito do dossiê, a PF recebeu a informação de que Freud Godoy, ex-assessor de Lula, sacou R$ 150 mil em dinheiro em março de 2004.

Doril. O delegado da PF Edmilson Pereira Bruno, que deu o flagrante do dossiê, foi afastado do caso e depois vazou as fotos do dinheiro apreendido, entrou em licença médica. Alegou estresse.

Cavalo de Tróia. Na reunião com o juiz federal em Mato Grosso Jefferson Schneider, os deputados Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e Paulo Rubem (PT-PE) insistiram na tese de que Valdebran Padilha teria sido infiltrado no PT por tucanos e pefelistas. Schneider considerou teoria conspiratória.

Túnel do tempo. Osvaldo Bargas, um dos "aloprados" do dossiê, levou Aloizio Mercadante para a CUT-SP nos anos 80. Em 1990, foi o mentor da primeira candidatura do economista a deputado federal. E, em 2002, um dos coordenadores de sua campanha ao Senado.

Onde e quando. Por ser deputado federal, Ricardo Berzoini tem a prerrogativa de marcar data e local para depor no inquérito do dossiê. O relato do ex-presidente do PT é considerado essencial para estabelecer a cadeia de comando da operação.

Queridinho. Estrela da hora, Jaques Wagner não desgrudará de Lula no segundo turno. O governador eleito da Bahia já tem eventos marcadas para São Paulo, Pernambuco, Rio e Minas.

Linha e agulha. Aldo Rebelo sugeriu a Clodovil (PTC) se dedicar à defesa da indústria têxtil. O costureiro e deputado eleito gostou da idéia.

Temperado. Os aliados que se empolgaram com a exibição de Geraldo Alckmin na Band podem tirar o cavalo da chuva. O tom do programa de TV, que recomeça amanhã, será outro. Mais apimentado que o do primeiro turno, mas bem menos que o do debate.

Mailling. O PSDB paulista distribuiu no Estado cerca de 200 mil cartões postais com propagandas de Alckmin para que o material, com recomendação de voto no tucano, seja enviado por eleitores a parentes que moram no Nordeste.

Comboio. O presidente do Senado, Renan Calheiros, articula com José Sarney a ida de Roseana, ameaçada de expulsão no PFL, para o PMDB. Com ela devem migrar o senador Edison Lobão (MA) e o recém-eleito senador Epitácio Cafeteira, hoje no PTB. Se o PV não se fundir com o PPS e sucumbir à cláusula de barreira, também Zequinha Sarney pode virar peemedebista.

Visita à Folha. Elival da Silva Ramos, procurador-geral do Estado de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de José do Carmo Mendes Junior, procurador-geral-adjunto, de Mariângela Sarrubbo, subprocuradora-geral, de Sylvia Monlevade Calmon de Britto, chefe-de-gabinete, de José Renato Ferreira Pires, subprocurador-geral da Área do Contencioso, e de Marialice Dias Gonçalves, assessora de imprensa.

Tiroteio

"Lula continua a perguntar para onde foi o dinheiro das privatizações. É incrível que, após quatro anos no governo, ele não tenha descoberto. Parece que saber de onde vem e para onde vai o dinheiro não é o forte dele."
De EDUARDO GRAEFF, secretário-geral da Presidência na gestão FHC, sobre as críticas de Lula às privatizações do governo tucano.

Contraponto

Campanha de fôlego

Na campanha de 1982, o deputado estadual Rubens Lara, atual secretário da Casa Civil, decidiu pedir votos em um sítio de Cananéia, litoral sul de SP. Acompanhado de assessores, a certa altura teve de abandonar o carro, de tanto buraco na estrada. O grupo prontamente encontrou um cavalo para Lara. O restante da comitiva seguiu a pé.
Dez quilômetros adiante, acharam o sítio. Mas lá só havia sete pessoas. Desolado, Lara as cumprimentou e, quando se preparava para montar de novo no cavalo, o filho de um assessor questionou:
-Por que cavalo é só para o deputado? Também quero!
Para não contrariar o menino e evitar desgaste diante dos sete eleitores, Lara voltou a pé.


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