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Antes de votar CPMF, governo ajuda Estados
Tesouro Nacional se compromete a antecipar receitas a governadores; medida provisória foi publicada na semana passada
Serão este ano R$ 770 mi a RJ e SC; órgão responsável por liberação nega relação com as votações e diz que negociação levou meses
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Às vésperas de concluir a votação da CPMF na Câmara dos
Deputados, o governo editou
uma medida provisória que dá
mais um alívio financeiro aos
governadores.
Dessa vez, o Tesouro Nacional se compromete a antecipar
receitas aos Estados, por meio
da troca de títulos que estão nas
carteiras dos fundos de previdência estaduais. A Folha apurou que serão antecipados este
ano R$ 770 milhões ao Rio de
Janeiro e Santa Catarina e
mais R$ 950 milhões ao Rio
nos próximos três anos.
A operação ajuda os atuais
governadores, mas reduz parte
da arrecadação futura dos Estados, inclusive de quem assumir depois das eleições de
2010. O dinheiro que entrar no
caixa agora não será recebido
nos anos seguintes, como previsto inicialmente.
No caso do Rio, por exemplo,
o dinheiro antecipado deveria
entrar no caixa entre 2011 e
2014. Já no caso de Santa Catarina, a engenharia financeira
prevê que, a partir de 2011, o
fluxo financeiro fique próximo
ao que o Estado recebe atualmente. O maior impacto só
ocorrerá a partir de 2018.
O Tesouro Nacional, responsável pelo relacionamento com
os Estados, nega qualquer influência do calendário de votações no Congresso e explica
que essas operações vinham
sendo negociadas há meses.
Publicada no Diário Oficial
na quinta feira passada, a MP
396 saiu em edição extraordinária para não atrapalhar viagem de Lula a Santa Catarina,
onde assinou contrato de incorporação do Besc (Banco do
Estado de Santa Catarina) pelo
Banco do Brasil e garantiu a antecipação de R$ 270 milhões ao
peemedebista Luiz Henrique.
Com esse dinheiro, o Estado
deve conseguir uma folga de
caixa entre R$ 30 milhões e R$
40 milhões anuais até 2009 para direcionar a investimentos,
segundo a Secretaria de Fazenda. Em compensação, em 2008
e 2009, não receberá repasses.
O Rio de Janeiro, do aliado
Sérgio Cabral (PMDB), deve
assinar o contrato com o Tesouro nas próximas semanas.
O Paraná, do também peemedebista Roberto Requião, tem
direito a fazer a troca, mas ainda avalia se será vantajosa.
Explicação
Na exposição de motivos que
encaminhou com a MP, o ministro Guido Mantega (Fazenda) diz que "o alívio financeiro
para esses Estados se daria pela
desoneração das despesas com
aposentados e pensionistas,
que passariam a ser realizados
mensalmente pelos seus fundos previdenciários, até o montante dos valores que vierem a
ser antecipados".
Ou seja, o Tesouro Nacional
antecipa recursos aos fundos
de previdência e os Estados,
que hoje têm que colocar dinheiro mensalmente para pagar as aposentadorias, "economizam" esses repasses e podem
gastar como quiser.
O Tesouro Nacional argumenta que a antecipação só poderá ser feita caso haja compromisso dos governos de recompor o fluxo de recebimentos futuros desses títulos.
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