São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Lula pede apoio de evangélicos a Marta

Presidente afirma que candidata petista é vítima de preconceito, assim como ele, que vivia se "explicando aos pastores'

Pastor questiona por que ex-prefeita acionou Justiça contra programa evangélico; Marta rebate que, se sofrer ataque pessoal, ela processa

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A fim de quebrar a resistência de evangélicos à candidatura de Marta Suplicy (PT) e contornar um breve momento de tensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para pastores que participaram de um encontro com ele e com a ex-prefeita ontem, em um hotel da zona sul de São Paulo.
"Vocês não podem retribuir o preconceito de que vocês já foram vítimas", afirmou Lula, a uma platéia com cerca de cem líderes religiosos, uma parte deles arredia à candidata por seu histórico de defesa da união civil entre homossexuais.
Marta recebeu declarações de apoio, inclusive com promessas de orações pela sua eleição. Mas, quando Lula foi chamado a assumir o microfone, logo após a fala da candidata, o pastor Cícero Crispim interveio e cobrou a ex-prefeita por ela ter entrado com uma ação na Justiça Eleitoral contra um programa de rádio comandado por uma igreja evangélica.
No primeiro turno, o programa levou ao ar enquete intitulada "A Bíblia ou Marta", com ataques à vida pessoal da petista. "Queria saber por que a senhora processou o pastor", disse Crispin. Marta, que havia acabado de fazer promessas para atender a demandas dos evangélicos, levantou-se e disse, ríspida: "Se for falar palavra de baixo calão contra minha pessoa, será processado!".
Rapidamente, o deputado estadual Rui Falcão, da coordenação da campanha petista, tomou a palavra para afirmar, de forma pausada, que já havia um acordo com a radio evangélica, com a conseqüente retirada da ação. Lula, então, iniciou o discurso dizendo que seria rápido.
O evento de ontem foi fechado às pressas pelos apoiadores de Marta a fim de ter a presença do presidente logo no início do segundo turno. As pesquisas apontam desvantagem de 17 pontos da petista em relação a Gilberto Kassab (DEM).
"Nenhum de nós tem procuração de Deus para ser dono da verdade absoluta", disse o presidente, que em seguida lembrou do fato de ter sido vítima de preconceito, inclusive dos evangélicos, nas campanhas presidenciais das quais participou. "Eu vivia me explicando para os pastores", afirmou.
"Acho que hoje a Marta é vítima de preconceito pelas coisas boas que ela fez. Essa mulher sofre uma campanha de preconceito na cidade", disse Lula.


Texto Anterior: Lacerda fica sem apoio do PC do B em BH apesar de pressões do PSB
Próximo Texto: Contra a "onda": Lula dará apoio a Marta, mas considera disputa difícil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.