|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mercadante prefere ficar no Congresso
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do estilo centralizador e
fechado usado por Luiz Inácio
Lula da Silva para formar seu ministério, o presidente eleito já perguntou a dois petistas-chave o
que desejam fazer no futuro. São
eles: José Dirceu, presidente do
PT, e Aloizio Mercadante, senador eleito por São Paulo.
Dirceu afirmou preferir um ministério a disputar a presidência
da Câmara. Mercadante, cotado
para ministro da Fazenda, disse
que sua expressiva votação (mais
de 10 milhões de votos) o leva a se
inclinar pela liderança do governo
no Senado, mas não descarta participação na equipe econômica.
Dirceu e Mercadante foram ouvidos antes de uma reunião que
Lula fez anteontem com mais dirigentes da cúpula petista, entre
eles, Antônio Palocci Filho, cotado para Fazenda, Planejamento e
Casa Civil. Luiz Gushiken, lembrado para a Secretaria Geral ou
uma assessoria especial da Presidência, e Luiz Dulci, ministeriável
e também cotado para continuar
na direção do PT. Mercadante e
Dirceu participaram do encontro.
Na reunião, Lula repetiu pela
enésima vez que quem quiser virar ministro vendendo versões à
imprensa terá a chance reduzida
ou eliminada. Disse ainda que começaria a tomar decisões concretas nos próximos dias. Ficou de
falar em breve com Dirceu e Mercadante para bater o martelo.
Dirceu já se fechou em copas.
Devido ao papel de destaque na
coordenação da campanha eleitoral, disseminou-se a versão de que
ele seria o dono de metade do governo. Apesar de o próprio Dirceu ter dado declarações para tirar a força dessa versão, ela prosperou, e Lula não gostou. Este foi
um dos motivos que o levaram a
optar por uma equipe de transição técnica e menos política.
O outro motivo foi um início de
disputa entre Palocci e Mercadante por espaço. Os dois são cotados
para a Fazenda, cargo que Lula
quer dar a um petista de sua confiança. A opção por um petista na
Fazenda reacendeu a chance de
Mercadante virar ministro. Antes
da eleição, Lula dizia que poderia
escolher a alguém de fora do PT.
Apesar de querer dar destaque
ao Ministério do Planejamento, a
Fazenda continuará a ser o ministério mais importante nos próximos dois anos, período em que
Lula pretende diminuir a vulnerabilidade externa da economia.
A definição da Fazenda desencadeará as opções para as outras
pastas que formariam o núcleo
duro do governo (Planejamento,
Casa Civil e Secretaria Geral da
Presidência). Um articulador político forte dentro do Congresso
faria parceria com esse núcleo.
Daí, a possibilidade de Mercadante ficar no Senado e Dirceu ser
candidato a presidente da Câmara, apesar de preferir o ministério.
Dirceu é cotado para a Casa Civil, mas também para outras pastas, como Justiça ou mesmo Fazenda. Registre-se que José Genoino, deputado que perdeu a
eleição para o governo paulista,
tem chance de ir para a Justiça.
Além de opção para a Fazenda e
Planejamento, Palocci é ministeriável para a Casa Civil. Tem temperamento dócil, é habilidoso politicamente e poderia fazer um
trabalho diário com Lula menos
sujeito a turbulências.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: PT planeja "fatiar" reforma tributária Índice
|