São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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Mercadante prefere ficar no Congresso

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do estilo centralizador e fechado usado por Luiz Inácio Lula da Silva para formar seu ministério, o presidente eleito já perguntou a dois petistas-chave o que desejam fazer no futuro. São eles: José Dirceu, presidente do PT, e Aloizio Mercadante, senador eleito por São Paulo.
Dirceu afirmou preferir um ministério a disputar a presidência da Câmara. Mercadante, cotado para ministro da Fazenda, disse que sua expressiva votação (mais de 10 milhões de votos) o leva a se inclinar pela liderança do governo no Senado, mas não descarta participação na equipe econômica.
Dirceu e Mercadante foram ouvidos antes de uma reunião que Lula fez anteontem com mais dirigentes da cúpula petista, entre eles, Antônio Palocci Filho, cotado para Fazenda, Planejamento e Casa Civil. Luiz Gushiken, lembrado para a Secretaria Geral ou uma assessoria especial da Presidência, e Luiz Dulci, ministeriável e também cotado para continuar na direção do PT. Mercadante e Dirceu participaram do encontro.
Na reunião, Lula repetiu pela enésima vez que quem quiser virar ministro vendendo versões à imprensa terá a chance reduzida ou eliminada. Disse ainda que começaria a tomar decisões concretas nos próximos dias. Ficou de falar em breve com Dirceu e Mercadante para bater o martelo.
Dirceu já se fechou em copas. Devido ao papel de destaque na coordenação da campanha eleitoral, disseminou-se a versão de que ele seria o dono de metade do governo. Apesar de o próprio Dirceu ter dado declarações para tirar a força dessa versão, ela prosperou, e Lula não gostou. Este foi um dos motivos que o levaram a optar por uma equipe de transição técnica e menos política.
O outro motivo foi um início de disputa entre Palocci e Mercadante por espaço. Os dois são cotados para a Fazenda, cargo que Lula quer dar a um petista de sua confiança. A opção por um petista na Fazenda reacendeu a chance de Mercadante virar ministro. Antes da eleição, Lula dizia que poderia escolher a alguém de fora do PT.
Apesar de querer dar destaque ao Ministério do Planejamento, a Fazenda continuará a ser o ministério mais importante nos próximos dois anos, período em que Lula pretende diminuir a vulnerabilidade externa da economia.
A definição da Fazenda desencadeará as opções para as outras pastas que formariam o núcleo duro do governo (Planejamento, Casa Civil e Secretaria Geral da Presidência). Um articulador político forte dentro do Congresso faria parceria com esse núcleo. Daí, a possibilidade de Mercadante ficar no Senado e Dirceu ser candidato a presidente da Câmara, apesar de preferir o ministério.
Dirceu é cotado para a Casa Civil, mas também para outras pastas, como Justiça ou mesmo Fazenda. Registre-se que José Genoino, deputado que perdeu a eleição para o governo paulista, tem chance de ir para a Justiça.
Além de opção para a Fazenda e Planejamento, Palocci é ministeriável para a Casa Civil. Tem temperamento dócil, é habilidoso politicamente e poderia fazer um trabalho diário com Lula menos sujeito a turbulências.



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