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OPERAÇÃO ANACONDA
Advogados dizem que apenas agora vão poder traçar estratégia para defender seus clientes; juíza-relatora não se manifesta
Após 28 dias, defesa tem acesso a processo
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Demorou 28 dias para que os
advogados dos acusados de integrar uma suposta quadrilha de
venda de sentenças judiciais tivessem acesso ao teor das denúncias.
O processo estava "sob sigilo" até
para as nove pessoas presas na
Polícia Federal em São Paulo.
Ontem, com o procedimento de
662 páginas em mãos, os advogados afirmaram que somente agora poderão definir uma estratégia
de defesa de seus clientes.
"Esse processo ainda está em fase embrionária. Somente hoje
[ontem] consegui conversar com
o meu cliente sobre os documentos", disse o criminalista Alberto
Zacharias Toron, advogado contratado pelo juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso pela
Polícia Federal na última sexta.
Rocha Mattos é acusado de ser o
"mentor da quadrilha". No dia 13
de outubro, o magistrado foi denunciado pelo Ministério Público
Federal pelos crimes de formação
de quadrilha, corrupção passiva,
falsidade ideológica, peculato e
prevaricação. "Posso apresentar
um pedido de reconsideração de
prisão ou um habeas corpus no
Superior Tribunal de Justiça, mas
ainda não há nada definido", afirmou o criminalista.
Além de Rocha Mattos, outras
11 pessoas também foram denunciadas (acusadas formalmente)
pela Procuradoria. Apenas três
respondem às investigações em liberdade -os irmãos e juízes Casem e Ali Mazloum e o ex-corregedor da PF Dirceu Bertin.
A demora no acesso aos documentos também prejudicou a defesa de Norma Regina Emílio Cunha, ex-mulher do juiz Rocha
Mattos. Somente agora seus advogados dizem conhecer as denúncias contra ela. "Precisamos
ler, analisar e definir um caminho
na Justiça. Depois, queremos que
ela mesma [Cunha] conte sua versão", disse o advogado Paulo Sérgio Santo André.
Alexandre Crepaldi, que ontem
leu trechos da denúncia na cela,
ao lado de seu cliente, o também
advogado Carlos Alberto da Costa Silva, afirmou que as acusações
são "frágeis" e "precipitadas".
"No caso do meu cliente, a denúncia é extremamente frágil, não há
descrição de condutas individuais. Estou desconfiado de que
houve uma precipitação por parte
dos denunciantes", disse.
Na denúncia, Costa Silva é citado como o procurador de uma
offshore uruguaia, dona do apartamento em que mora Rocha
Mattos. Ele teria ainda uma "participação direta ou indireta" no
uso de documento falso.
A Procuradoria, que ofereceu a
denúncia, avaliou ser ruim o fato
de a defesa não ter acesso às investigações. A desembargadora federal Therezinha Cazerta foi procurada ontem pela Folha. Um funcionário de seu gabinete, que se
identificou como Fábio, disse que
a juíza não daria entrevista. Sobre
a demora, afirmou que o processo
está sob segredo de Justiça.
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