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Mattos diz sofrer de depressão
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, 55, afirmou em depoimento sigiloso no Tribunal
Regional Federal, em dezembro
de 2002, que "tem problemas psicológicos há alguns anos, ansiedade e depressão recorrente, causado pelas atividades profissionais e problemas com o tribunal".
Ele se defendia em inquérito,
denunciado por sua ex-mulher,
Norma Regina Emílio Cunha, que
o acusara de tê-la ameaçado de
morte em fevereiro de 2002.
O juiz disse, na ocasião, que,
"em função de seus problemas
psicológicos, havia tirado três licenças, e os médicos diagnosticaram depressão recorrente".
As ameaças foram feitas por telefone celular, depois que Norma
colidiu, propositalmente, conforme admitiu em juízo, o seu carro
contra o automóvel do juiz.
Rocha Mattos disse que "se encontrava excessivamente nervoso" e admitiu que "deve ter dito
ao telefone que iria matá-la".
Norma Cunha e Rocha Mattos
sustentaram ao desembargador
André Nabarrete, do TRF, que, à
época dos fatos, o juiz "vinha se
submetendo a tratamento psicológico e tomava medicamentos".
Rocha Mattos afirmou que "anteriormente já consultara um
grande neurologista e quatro psiquiatras". Disse que fazia tratamento com o neurologista Ceme
Jordy [do Departamento de Psicologia Clínica da USP]. A clínica
do neurologista confirma que o
juiz foi cliente em 2002.
Norma fez denúncia na Delegacia de Defesa da Mulher. Segundo
o Boletim de Ocorrência, os fatos
aconteceram na avenida Angélica. Norma dirigia um Golf e Rocha Mattos, um Audi A3.
O episódio foi explicado como
desentendimento do casal -separado, à época- porque o juiz
deixara de levar o filho menor do
casal a um jantar, como prometera, estando no veículo com duas
filhas de outro casamento.
No depoimento, Norma disse
que "não podia dizer com certeza" se Rocha Mattos tem arma ou
anda armado". Não há menção a
arma no boletim da ocorrência.
Em entrevista ao jornal "O Estado
de S. Paulo", na semana passada,
o juiz afirmou ter saído do veículo
armado: "Corri atrás dela com
uma arma na mão. Confessei isso.
O caso foi arquivado", disse.
Segundo os registros, na época
Norma morava no apartamento
da praça da República. O juiz afirmou morar no apartamento da
rua Maranhão, "locado/cedido
por um amigo". Trata-se do imóvel de propriedade de uma offshore uruguaia, cujo procurador é
o advogado Carlos Alberto da
Costa Silva, um dos denunciados
e presos na Operação Anaconda.
Quando Norma fez a denúncia,
afirmou que "viveu maritalmente" com Rocha Mattos durante 14
anos. Disse que estavam separados havia dois meses. Em setembro do ano passado, ao depor no
TRF, Norma disse que "voltara a
viver maritalmente" com o juiz.
Ela afirmou que "à época dos fatos, [o juiz] apresentava sinais de
extrema irritação", e "tinha uma
alteração significativa do estado
de saúde", "sofrendo de depressão por longos anos", e que "os
medicamentos não faziam mais o
efeito esperado".
Ela negou que o juiz tivesse,
"praticado violência física". Concluiu afirmando entender que o
juiz não viria a "repetir as condutas mencionadas" na acusação.
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