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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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Mattos diz sofrer de depressão

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, 55, afirmou em depoimento sigiloso no Tribunal Regional Federal, em dezembro de 2002, que "tem problemas psicológicos há alguns anos, ansiedade e depressão recorrente, causado pelas atividades profissionais e problemas com o tribunal".
Ele se defendia em inquérito, denunciado por sua ex-mulher, Norma Regina Emílio Cunha, que o acusara de tê-la ameaçado de morte em fevereiro de 2002.
O juiz disse, na ocasião, que, "em função de seus problemas psicológicos, havia tirado três licenças, e os médicos diagnosticaram depressão recorrente".
As ameaças foram feitas por telefone celular, depois que Norma colidiu, propositalmente, conforme admitiu em juízo, o seu carro contra o automóvel do juiz.
Rocha Mattos disse que "se encontrava excessivamente nervoso" e admitiu que "deve ter dito ao telefone que iria matá-la".
Norma Cunha e Rocha Mattos sustentaram ao desembargador André Nabarrete, do TRF, que, à época dos fatos, o juiz "vinha se submetendo a tratamento psicológico e tomava medicamentos".
Rocha Mattos afirmou que "anteriormente já consultara um grande neurologista e quatro psiquiatras". Disse que fazia tratamento com o neurologista Ceme Jordy [do Departamento de Psicologia Clínica da USP]. A clínica do neurologista confirma que o juiz foi cliente em 2002.
Norma fez denúncia na Delegacia de Defesa da Mulher. Segundo o Boletim de Ocorrência, os fatos aconteceram na avenida Angélica. Norma dirigia um Golf e Rocha Mattos, um Audi A3.
O episódio foi explicado como desentendimento do casal -separado, à época- porque o juiz deixara de levar o filho menor do casal a um jantar, como prometera, estando no veículo com duas filhas de outro casamento.
No depoimento, Norma disse que "não podia dizer com certeza" se Rocha Mattos tem arma ou anda armado". Não há menção a arma no boletim da ocorrência. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", na semana passada, o juiz afirmou ter saído do veículo armado: "Corri atrás dela com uma arma na mão. Confessei isso. O caso foi arquivado", disse.
Segundo os registros, na época Norma morava no apartamento da praça da República. O juiz afirmou morar no apartamento da rua Maranhão, "locado/cedido por um amigo". Trata-se do imóvel de propriedade de uma offshore uruguaia, cujo procurador é o advogado Carlos Alberto da Costa Silva, um dos denunciados e presos na Operação Anaconda.
Quando Norma fez a denúncia, afirmou que "viveu maritalmente" com Rocha Mattos durante 14 anos. Disse que estavam separados havia dois meses. Em setembro do ano passado, ao depor no TRF, Norma disse que "voltara a viver maritalmente" com o juiz.
Ela afirmou que "à época dos fatos, [o juiz] apresentava sinais de extrema irritação", e "tinha uma alteração significativa do estado de saúde", "sofrendo de depressão por longos anos", e que "os medicamentos não faziam mais o efeito esperado".
Ela negou que o juiz tivesse, "praticado violência física". Concluiu afirmando entender que o juiz não viria a "repetir as condutas mencionadas" na acusação.


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