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Apreensão de papéis sigilosos da Abin agrava tensão com PF
Ao apurar vazamento da Satiagraha, policiais levaram dados destinados à Presidência
Os documentos contêm informações sobre controle de fronteiras, exploração mineral e monitoramento de movimentos sociais
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Tarso Genro almoça com petistas no Rio antes de reunião na PF
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCAS FERRAZ
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre os documentos
apreendidos pela Polícia Federal para o inquérito que apura o
vazamento da Operação Satiagraha estão informações estratégicas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Alguns
desses dados, segundo a Folha
apurou, são utilizados em relatórios confidenciais destinados
à Presidência da República.
Há dados operacionais sobre
temas sensíveis de interesse
político, militar e econômico.
Os arquivos também conteriam nomes de informantes e
funcionários de inteligência,
inclusive adidos estrangeiros
que cooperam com a agência.
A Folha apurou ainda que
entre o material apreendido há
dados sobre exploração mineral no país, controle de fronteiras, espionagem internacional
e contra-espionagem, além de
trabalhos voltados ao monitoramento de movimentos sociais e terrorismo.
Na Abin, o clima é de irritação com a ação da PF, considerada despropositada. Também
há tensão pelo eventual vazamento dos dados, que poderia
colocar em risco a vida de funcionários infiltrados ou o sucesso de operações em curso.
Caso ocorra o vazamento, os
agentes de inteligência ameaçam revidar. Ou seja, vazariam
também informações sigilosas
de agentes da Polícia Federal,
mesmo sem autorização da cúpula. Também causou indignação entre os agentes da Abin a
revelação pela imprensa do nome de vários funcionários do
serviço secreto. Alguns tiveram
até o endereço revelado.
Por enquanto, a Abin estuda
medidas judiciais para preservar o sigilo dos dados, e dispositivos tecnológicos que garantam a inviolabilidade dos computadores dos agentes.
Na semana passada, policiais
federais cumpriram mandados
de busca e apreensão no Centro de Operações da Superintendência da Abin, no Rio, e
nas residências de Thelio
Braun D'Azevedo, diretor de
operações da Coordenação de
Inteligência Estratégica, e Luiz
Eduardo Melo, funcionário da
Receita Federal cedido à Abin.
Oficialmente, a Abin e o GSI
(Gabinete de Segurança Institucional) ainda não comentam
a apreensão. Mas a reportagem
apurou que a PF apreendeu
seis desktops e três laptops,
além de mídia digital (CDs e
DVDs). Alguns desses equipamentos seriam de uso pessoal
dos servidores. Ontem, a ação
da PF foi principal tema da
reunião de trabalho da cúpula
do GSI, órgão de assessoramento do presidente e ao qual
se subordina a Abin.
O general Jorge Felix, ministro-chefe do GSI, tenta contornar a crise. "Isso está sendo resolvido com diálogo. Vamos resolver logo. Nós [eu e Tarso],
desde quarta-feira passada, estamos conversando", disse o
ministro à Folha. Ele, porém,
preferiu não falar sobre o grau
de sigilo do material apreendido nas diligências da PF.
A direção geral da Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça. Tarso afirmou
que a PF vai resguardar o sigilo
dos dados.
A assessoria de imprensa da
PF informou que está sendo
feita uma triagem do material
apreendido para selecionar
apenas o que interessa ao inquérito. O resto será devolvido.
O presidente da Asbin (Associação dos Servidores da Abin),
Nery Kluwe, disse que a operação expôs os agentes de inteligência, gerando revolta na categoria. Segundo Kluwe, a associação defende que o diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda,
atualmente afastado da função,
deixe de vez o cargo, mesmo
provando não ter cometido nenhuma irregularidade na Operação Satiagraha. Kluwe quer a
nomeação de um funcionário
de carreira para dirigir o órgão.
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