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TRANSIÇÃO
Presidente dos EUA quer ajuda do Brasil na luta contra o terrorismo
Bush pede o apoio de Lula para luta contra o Iraque
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
DE WASHINGTON
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu o
apoio do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
para a luta que trava para tentar
tirar do poder o presidente do Iraque, Saddam Husseim.
Segundo a embaixadora dos
EUA no Brasil e principal articuladora do encontro entre Lula e
Bush, Donna Hrinak, o presidente norte-americano "falou da necessidade de fazer Saddam Husseim cumprir as resoluções das
Nações Unidas". A embaixadora
declarou que Lula também falou
sobre o assunto. "Eles concordaram nisso", afirmou Hrinak.
Na prática, a posição de Lula
ajuda Bush a planejar sua ofensiva
contra o Iraque. As autoridades
petistas avaliam que os Estados
Unidos vão iniciar uma guerra
contra o Iraque independentemente do sucesso ou fracasso da
atual missão da ONU (Organização das Nações Unidas) que inspeciona o arsenal iraquiano em
busca de armas químicas e armas
de destruição em massa.
Segundo Hrinak, Bush não pediu diretamente apoio à guerra:
"O presidente Bush falou da importância de todas as nações democráticas, como o Brasil, lutarem contra o terrorismo".
Combate ao terror
A presença do secretário de Estado, o general Colin Powell, e da
conselheira para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, tiveram
por objetivo, segundo a Folha
apurou, mostrar a Lula a importância do apoio dele ao combate
ao terrorismo, tema número da 1
agenda de política externa norte-americana. Os dois estão envolvidos diretamente no assunto.
O tema Iraque era considerado
pela cúpula petista um dos mais
delicados do encontro entre Bush
e Lula. Ao PT interessa inaugurar
uma nova linha de pragmatismo
nas relações com os EUA. O partido sempre foi um crítico histórico
do que chamava de belicismo
norte-americano e, pressionado
pelas dificuldades econômicas
que enfrentará no futuro governo,
aliviou sua retórica antiamericana
em busca de vantagens comerciais e políticas.
Se o Bush der início a uma guerra para tirar Saddam do poder, a
tendência do futuro governo Lula
será apoiá-lo desde que o presidente dos EUA consiga a chancela
oficial da ONU para o ataque. Por
enquanto, o PT se limita a dizer
que não existe posição sobre esse
eventual pedido de apoio.
Cadeira na ONU
O reforço dos organismos internacionais foi um dos pontos
abordados por Lula no discurso
de Lula no National Press Club
(Clube Nacional de Imprensa).
Ele pediu uma remodelação do
Conselho de Segurança da ONU,
com a criação de cadeiras permanentes para um país da América
do Sul e outro da África.
No Clube Nacional de Imprensa, o petista pediu apoio dos Estados Unidos para o (TPI) Tribunal
Penal Internacional. Os EUA resistem ao TPI porque não querem
abrir a possibilidade de ver seus
próprios militares julgados por
uma corte internacional.
Essa foi uma das poucas partes
críticas de Lula em relação à atual
política externa norte-americana.
Noutro momento, o petista se disse "solidário às vitimas do terror
de 11 de setembro" e se mostrou
disposto a ajudar no combate ao
terrorismo.
O presidente eleito declarou
ainda que, no Brasil, o "povo sofre
intensamente com o crime organizado, a lavagem de dinheiro e o
contrabando de armas e drogas" e
que esperava ajuda dos Estados
Unidos e dos países ricos no combate a esses problemas.
Ontem à noite, o representante
comercial dos EUA, Robert Zoellick, depois de se reunir com Lula, disse que virá ao Brasil no início de 2003 para discutir a implantação Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e o comércio entre os dois países.
(KENNEDY ALENCAR E MARCIO AITH)
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