São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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Arruda perde no TSE e deixa o DEM antes de ser expulso

Sem partido, governador do DF não poderá ser candidato à reeleição em 2010

Decisão de se desfiliar foi anunciada um dia antes da reunião da sigla que deveria selar exclusão; democratas, agora, tentam preservar vice


Sérgio Lima/Folha Imagem
Como vice, Paulo Octávio, Arruda anuncia a desfiliação do DEM

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia antes da reunião que provavelmente decidiria por sua expulsão do partido e minutos após ver naufragar na Justiça seu recurso para evitá-la, o governador José Roberto Arruda (DF) anunciou ontem sua desfiliação do DEM.
A medida, que sepulta suas chances de tentar a reeleição em 2010, acontece 13 dias após a revelação da existência de um mensalão do DEM no DF.
Gravado em vídeo recebendo um maço de notas e, em conversas telefônicas, discutindo uma suposta distribuição de dinheiro a aliados, Arruda se concentrará agora na tentativa de se manter no cargo até o final do seu mandato, o que inclui a estratégia de tentar arrastar até o recesso o andamento da CPI e dos três pedidos de impeachment abertos contra ele na Câmara Legislativa do DF.
De acordo com integrantes do DEM, pesou na decisão do governador -até ontem, o único do partido- a avaliação que a desfiliação voluntária seria menos danosa politicamente.
Ao evitar um embate jurídico aberto e o trauma de uma expulsão, dizem esses congressistas, Arruda reúne mais forças para a tentativa de permanência no governo e ganha "pontos" para uma eventual reaproximação com a legenda.
Os advogados de Arruda recorreram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tentar anular a reunião. A ministra Cármen Lúcia, porém, negou o pedido, sob o argumento de que a questão é interna do partido.
"Se ele não saísse por vontade própria, sairia empurrado", afirmou o senador Demóstenes Torres (GO), desde o início um dos principais defensores de sua expulsão imediata.
O gesto de Arruda repete o de 2001, quando também se antecipou à expulsão pelo PSDB devido ao seu envolvimento na violação do sigilo do painel de votações do Senado.
Em entrevista logo após o anúncio da desfiliação, a cúpula do DEM disse que não orientará seus filiados a deixar o governo do DF e manteve a estratégia adotada dos últimos dias de tentar preservar Paulo Octávio, vice de Arruda, presidente do diretório do partido no Distrito Federal e opção da legenda para a eleição de 2010.
"São casos diferentes e devem ser analisados de formas completamente diferentes", disse Rodrigo Maia (RJ), presidente da legenda. Octávio também é suspeito de integrar o mensalão do DEM. Há documentos e gravações dando conta de que ele seria destinatário de 30% da propina do esquema.
A direção do partido diz que as citações não têm o peso de vídeos como aquele em que o próprio Arruda aparece. "O vice está mencionado como está o Michel Temer [PMDB]. Temos que ter paciência e processar se tiver profundidade", disse o líder da bancada no Senado, José Agripino (RN).
Já o presidente licenciado da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente, filmado colocando maços de notas na roupa e nas meias, deverá ser expulso.
Na mesma entrevista, o partido deu início ao discurso que elaborou para tentar minimizar os prejuízos à sua imagem.
"Vocês já viram partidos cassar ou desfiliar tesoureiros, nunca viram ter a coragem de cassar e desfiliar governador de Estado", disse o deputado Ronaldo Caiado (GO), líder da bancada, em referência a Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, acusado de envolvimento no escândalo do mensalão. "Demos uma grande resposta ao talvez caso mais grave de nossa história, nos diferenciando de outros partidos", reforçou Rodrigo Maia.


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