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Arruda perde no TSE e deixa o DEM antes de ser expulso
Sem partido, governador do DF não poderá ser candidato à reeleição em 2010
Decisão de se desfiliar foi anunciada um dia antes da
reunião da sigla que deveria
selar exclusão; democratas, agora, tentam preservar vice
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Como vice, Paulo Octávio, Arruda anuncia a desfiliação do DEM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia antes da reunião que
provavelmente decidiria por
sua expulsão do partido e minutos após ver naufragar na
Justiça seu recurso para evitá-la, o governador José Roberto
Arruda (DF) anunciou ontem
sua desfiliação do DEM.
A medida, que sepulta suas
chances de tentar a reeleição
em 2010, acontece 13 dias após
a revelação da existência de um
mensalão do DEM no DF.
Gravado em vídeo recebendo
um maço de notas e, em conversas telefônicas, discutindo
uma suposta distribuição de dinheiro a aliados, Arruda se concentrará agora na tentativa de
se manter no cargo até o final
do seu mandato, o que inclui a
estratégia de tentar arrastar até
o recesso o andamento da CPI e
dos três pedidos de impeachment abertos contra ele na Câmara Legislativa do DF.
De acordo com integrantes
do DEM, pesou na decisão do
governador -até ontem, o único do partido- a avaliação que
a desfiliação voluntária seria
menos danosa politicamente.
Ao evitar um embate jurídico
aberto e o trauma de uma expulsão, dizem esses congressistas, Arruda reúne mais forças
para a tentativa de permanência no governo e ganha "pontos" para uma eventual reaproximação com a legenda.
Os advogados de Arruda recorreram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tentar
anular a reunião. A ministra
Cármen Lúcia, porém, negou o
pedido, sob o argumento de que
a questão é interna do partido.
"Se ele não saísse por vontade própria, sairia empurrado",
afirmou o senador Demóstenes
Torres (GO), desde o início um
dos principais defensores de
sua expulsão imediata.
O gesto de Arruda repete o de
2001, quando também se antecipou à expulsão pelo PSDB devido ao seu envolvimento na
violação do sigilo do painel de
votações do Senado.
Em entrevista logo após o
anúncio da desfiliação, a cúpula
do DEM disse que não orientará seus filiados a deixar o governo do DF e manteve a estratégia adotada dos últimos dias de
tentar preservar Paulo Octávio,
vice de Arruda, presidente do
diretório do partido no Distrito
Federal e opção da legenda para a eleição de 2010.
"São casos diferentes e devem ser analisados de formas
completamente diferentes",
disse Rodrigo Maia (RJ), presidente da legenda. Octávio também é suspeito de integrar o
mensalão do DEM. Há documentos e gravações dando conta de que ele seria destinatário
de 30% da propina do esquema.
A direção do partido diz que
as citações não têm o peso de
vídeos como aquele em que o
próprio Arruda aparece. "O vice está mencionado como está
o Michel Temer [PMDB]. Temos que ter paciência e processar se tiver profundidade", disse o líder da bancada no Senado, José Agripino (RN).
Já o presidente licenciado da
Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente, filmado colocando maços de notas na roupa
e nas meias, deverá ser expulso.
Na mesma entrevista, o partido deu início ao discurso que
elaborou para tentar minimizar os prejuízos à sua imagem.
"Vocês já viram partidos cassar ou desfiliar tesoureiros,
nunca viram ter a coragem de
cassar e desfiliar governador de
Estado", disse o deputado Ronaldo Caiado (GO), líder da
bancada, em referência a Delúbio Soares, ex-tesoureiro do
PT, acusado de envolvimento
no escândalo do mensalão.
"Demos uma grande resposta
ao talvez caso mais grave de
nossa história, nos diferenciando de outros partidos", reforçou Rodrigo Maia.
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