São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Ex-presidente do BC é acusado após não explicar bilhete que cita US$ 1,6 mi em contas no exterior
PF indicia Lopes por evasão de divisas

da Sucursal do Rio

O ex-presidente do BC (Banco Central), Francisco Lopes, foi indiciado ontem pela PF (Polícia Federal) sob acusação de crime de evasão de divisas, previsto no artigo 22 da lei nº 7.492 (Lei do Colarinho Branco).
Lopes não teria explicado, segundo a PF, a existência de um bilhete no qual cita a existência de US$ 1,675 milhão seus no exterior. O indiciamento foi feito pelo delegado Deuler Rocha Júnior, da Delecoie (Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais).
O indiciamento significa que a PF considera que Lopes é culpado, mas ainda não quer dizer que ele será processado.
A principal prova para o indiciamento foi o bilhete, apreendido pela PF na casa de Lopes em abril 17 de do ano passado, durante busca autorizada pela Justiça.
O bilhete, datado de agosto de 1996, seria de Sérgio Luiz Bragança, ex-sócio de Lopes na empresa de consultoria econômica Macrométrica, para Araci Pugliese, mulher do ex-presidente do BC. O texto diz que o dinheiro está sob custódia de Bragança, em contas no exterior.
O documento foi encontrado dentro de um envelope pardo onde estava escrito: "Para Ciça, (abrir se eu faltar)". Ciça é o apelido de Araci Pugliese.
O delegado Eduardo Matta, titular da Delecoie, disse que Lopes compareceu ontem à sede da PF no Rio para depor no inquérito sobre o caso, decorrente da investigação sobre supostas irregularidades relacionadas com o socorro do BC aos bancos Marka e FonteCindam na época em que Lopes era presidente do BC.
O BC vendeu aos dois bancos dólares a preços abaixo da cotação de mercado em janeiro do ano passado, quando ocorreu a desvalorização do real, sob o argumento de evitar uma quebradeira no sistema financeiro.
Segundo o delegado Matta, Lopes se recusou a dar declarações, aconselhado por seus advogados, optando por só falar em juízo.
De acordo com o chefe da Delecoie, o silêncio de Lopes, aliado à sua recusa em fornecer material para o exame grafotécnico do bilhete, levaram ao indiciamento.
A Lei 7.492 prevê pena de dois a seis anos de prisão, mais multa, para o crime de evasão de divisas. O inquérito ainda não está concluído e, segundo Matta, deverá ir ainda este mês para a Justiça com pedido de mais prazo.
A Folha tentou falar com Lopes em sua casa, mas às 19h35 uma pessoa que se identificou como Estefanie informou que ele não estava.
O advogado de Lopes, Luiz Guilherme Vieira, foi procurado às 18h15. Até a conclusão desta edição, ele não ligou de volta para a reportagem.


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