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INVESTIGAÇÃO
Ex-presidente do BC é acusado após não explicar bilhete que cita US$ 1,6 mi em contas no exterior
PF indicia Lopes por evasão de divisas
da Sucursal do Rio
O ex-presidente do BC (Banco
Central), Francisco Lopes, foi indiciado ontem pela PF (Polícia
Federal) sob acusação de crime de
evasão de divisas, previsto no artigo 22 da lei nº 7.492 (Lei do Colarinho Branco).
Lopes não teria explicado, segundo a PF, a existência de um bilhete no qual cita a existência de
US$ 1,675 milhão seus no exterior. O indiciamento foi feito pelo
delegado Deuler Rocha Júnior, da
Delecoie (Delegacia de Combate
ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais).
O indiciamento significa que a
PF considera que Lopes é culpado, mas ainda não quer dizer que
ele será processado.
A principal prova para o indiciamento foi o bilhete, apreendido pela PF na casa de Lopes em
abril 17 de do ano passado, durante busca autorizada pela Justiça.
O bilhete, datado de agosto de
1996, seria de Sérgio Luiz Bragança, ex-sócio de Lopes na empresa
de consultoria econômica Macrométrica, para Araci Pugliese, mulher do ex-presidente do BC. O
texto diz que o dinheiro está sob
custódia de Bragança, em contas
no exterior.
O documento foi encontrado
dentro de um envelope pardo onde estava escrito: "Para Ciça,
(abrir se eu faltar)". Ciça é o apelido de Araci Pugliese.
O delegado Eduardo Matta, titular da Delecoie, disse que Lopes
compareceu ontem à sede da PF
no Rio para depor no inquérito
sobre o caso, decorrente da investigação sobre supostas irregularidades relacionadas com o socorro
do BC aos bancos Marka e FonteCindam na época em que Lopes
era presidente do BC.
O BC vendeu aos dois bancos
dólares a preços abaixo da cotação de mercado em janeiro do
ano passado, quando ocorreu a
desvalorização do real, sob o argumento de evitar uma quebradeira no sistema financeiro.
Segundo o delegado Matta, Lopes se recusou a dar declarações,
aconselhado por seus advogados,
optando por só falar em juízo.
De acordo com o chefe da Delecoie, o silêncio de Lopes, aliado à
sua recusa em fornecer material
para o exame grafotécnico do bilhete, levaram ao indiciamento.
A Lei 7.492 prevê pena de dois a
seis anos de prisão, mais multa,
para o crime de evasão de divisas.
O inquérito ainda não está concluído e, segundo Matta, deverá ir
ainda este mês para a Justiça com
pedido de mais prazo.
A Folha tentou falar com Lopes
em sua casa, mas às 19h35 uma
pessoa que se identificou como
Estefanie informou que ele não
estava.
O advogado de Lopes, Luiz Guilherme Vieira, foi procurado às
18h15. Até a conclusão desta edição, ele não ligou de volta para a
reportagem.
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