São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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CARAVANA DA FOME

Governador apóia petista para presidência da Câmara

Em MG, Lula e Aécio selam "trato" político

Flávio Florido/Folha Imagem
Aécio Neves e Lula tiram os coletes salva-vidas que usaram na travessia do rio Jequitinhonha, durante Caravana da Fome em Minas


LUCIANA CONSTANTINO
ENVIADA ESPECIAL A ARAÇUAÍ E ITINGA

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAÇUAÍ E ITINGA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), visitaram ontem o Vale do Jequitinhonha em clima de campanha eleitoral, com referências a 2006.
"A partida foi dada, e tenho muita certeza de que daqui a quatro anos todos nós vamos olhar para trás e dizer: valeu a pena ter Lula presidente e Aécio no governo de Minas Gerais", afirmou o governador no palanque. O "trato" político entre Lula e Aécio passa pelo apoio do tucano à eleição do petista João Paulo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados, conforme apurou a Folha.
Antes de Aécio falar, Lula já havia reforçado o clima cordial que existe entre ele e o governador desde a eleição. Em Araçuaí, cerca de 3.500 pessoas acompanharam a visita de Lula e de 27 dos seus ministros, no segundo e último dia da viagem organizada pelo presidente para que seu gabinete conhecesse a fome de perto. O Vale do Jequitinhonha é a região mais pobre de Minas Gerais.
"Eu e companheiro Aécio temos um trato: o povo de Minas Gerais, as mulheres, os homens, e as crianças são mais importantes do que qualquer divergência que eu possa ter com o Aécio ou que ele possa ter comigo. Portanto, não tenho dúvida nenhuma de que receberei do governador um tratamento exemplar de lealdade e companheirismo, e darei a ele um tratamento cordial de lealdade e companheirismo", disse.
Lula concluiu: "Quando eu brigar com ele [Aécio" pela imprensa, eu tenho que saber que aqui no Vale do Jequitinhonha tem milhões de pessoas à espera de que a gente tenha a grandeza de não colocar o povo em segundo lugar".
Ao chegar em Itinga, onde cerca de 7.000 pessoas o aguardavam, segundo a Polícia Militar, Lula voltou a falar do "trato" com Aécio. O governador mineiro está empenhado em ajudar os petistas a elegerem o deputado João Paulo presidente da Casa. A contrapartida viria na forma de recursos para o Estado e no apoio do PT à eleição de um tucano para a presidência da Assembléia Legislativa.
No palanque em Araçuaí, Lula anunciou que já colocou Aécio para conversar com o ministro Guido Mantega (Planejamento).
Mais uma vez, a recepção a Lula na região pobre de Minas foi de euforia. Em Itinga, Lula e os ministros conheceram pouco da pobreza -eles visitaram, rapidamente, apenas uma casa à beira da estrada, no bairro Mutirão, quando deixavam o município.
Mas viram de perto o drama da população para entrar na cidade, já que a travessia é feita por balsa ou canoa. Lula esteve em Itinga (cidade com 13,8 mil habitantes e IDH de 0,623) em 1995 e criticou os governos federal e estadual anteriores por não terem construído a ponte. Prometeu fazer a obra.
Os ministros Gilberto Gil (Cultura), Antonio Palocci (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil) e Nilmário Miranda (secretário dos Direitos Humanos) eram os mais aplaudidos. Palocci, por onde passava dava autógrafos e tirava fotos com as pessoas. Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), ex-presidente da Sadia, viu de perto um pé de urucum: "Sabia que era usado em salchicha, mas não tinha visto a árvore".



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