São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

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OUTRO LADO

Cronograma é o "possível", diz pasta da Justiça

DA AGÊNCIA FOLHA

Sobre a opinião de d. Pedro Casaldáliga de que o ministro Márcio Thomaz Bastos não está agindo com "coragem para enfrentar o problema e fazer a demarcação e a homologação das áreas indígenas", o Ministério da Justiça disse, por sua assessoria de imprensa, que as ações do governo sobre questões indígenas de demarcação e homologação de reservas estão seguindo o "cronograma possível em face das dificuldades inerentes à questão".
Na semana passada, o ministro Márcio Thomaz Bastos manteve a homologação de uma reserva contínua (sem enclaves brancos) na área da Raposa/Serra do Sol (uma terra de 1,75 milhão de hectares no nordeste de Roraima).
Quanto às críticas feitas por Casaldáliga de que "o Judiciário é lerdo, quando não é omisso, quando não é corrupto", quando trata da questão indígena, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, já havia declarado, em 20 de novembro passado, por meio de sua assessoria, que os processos de reforma agrária e de homologação de terras indígenas são julgados pelo Judiciário de acordo com as leis e com a Constituição.
A respeito da declaração de Casaldáliga de que "a Igreja Católica vive um processo de involução" e que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pode estar se tornando mais conservadora, a entidade disse que as suas atividades sempre foram pautadas pela busca da melhoria das condições de vida dos mais carentes.
D. Amaury Castanho, bispo da diocese de Jundiaí (SP) e um dos principais articuladores da CNBB, destacou os últimos textos publicados pela entidade, que, segundo a conferência, têm todos um "caráter de defesa dos interesses das populações índias, marginalizadas e defendem a reforma agrária".
Para a entidade, as motivações políticas nunca estiveram acima das sociais como motivadoras das suas ações. Para a CNBB, considerar que a Igreja Católica está sofrendo "um processo de involução" é apenas uma das formas de analisar as mudanças históricas que acontecem na igreja.
"Ninguém pode acusar a CNBB de ter se fechado às questões sociais. Não é justo dizer que houve uma involução", disse Castanho.
Ele se disse "muito preocupado com alguns excessos realizados pela CPT [Comissão Pastoral da Terra] e pelo Cimi [Conselho Indigenista Missionário]". (TGO)


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