São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Foco

Irmão pede emprego a Lula, mas petista diz que atendê-lo seria nepotismo

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL AO GUARUJÁ

Após oito horas de espera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, anteontem, por 30 minutos, seu irmão Germano, 41, e seu sobrinho Nathan, 10, no Forte dos Andradas, no Guarujá, onde passa férias.
Mas o principal pedido do irmão -"um emprego digno", de preferência com estabilidade-, não foi atendido.
"Como ele me explicou, isso ele não pode fazer, é nepotismo. Tem de ser mediante concurso público. Vou me inscrever, vou batalhar para eu mesmo conseguir."
O irmão de Lula por parte de pai é marítimo, trabalha para uma prestadora de serviços da Petrobras e disse que pretende prestar concurso da estatal.
Ele completou: "Realmente não era isso que eu esperava, mas não vou passar por cima das leis". Germano citou casos de políticos da região que empregam parentes ("O que é louvável, porque um ajuda o outro"), mas disse entender a decisão de Lula, "que é um político honesto".
Germano disse ter reclamado com o irmão por tê-lo feito esperar tanto na frente do forte. "Falei para ele: disse que era do povo e me deixou plantado lá?". Segundo Germano, Lula disse que queria descansar, mas que mandaria um carro buscá-lo no mais tardar hoje. "Mas aí complicava para mim: ia estar trabalhando."
Pelo relato do irmão, Lula está bem disposto e só reclamou do mau tempo, que o impediu de pescar. "Disse que estava até pensando em desistir, mas ontem abriu o tempo. Se não melhorasse, ele ia embora". Na quarta e ontem, fez sol.
Do lado de fora do forte, porém, o pescador de mariscos Carlos Alberto Silva dizia "rezar" por chuva. Ele explicou a torcida: quanto menos tempo durarem as férias do presidente, melhor para seu trabalho.
Desde que Lula chegou, na sexta, os pescadores estão proibidos de trabalhar no entorno do forte. O rigor da patrulha da marinha, dizem eles, aumentou com o assédio da imprensa, por barco.
Outros pescadores -são cerca de dez na praia- corroboraram a queixa de Silva, embora digam entender as medidas de segurança.


Texto Anterior: Casal é separado em presídio de Miami e usa uniforme laranja
Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.