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Aliados de Arruda dominam comissões de investigação
CCJ, CPI da Corrupção e comissão especial têm só um membro da oposição cada uma
"Eu sou amigo do Paulo Octávio, sou amigo de todos eles, (...) mas a amizade não interfere", afirma Geraldo Naves, presidente da CCJ
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com as portas fechadas para
o público, a base aliada do governador José Roberto Arruda
(sem partido) conseguiu ontem
dominar todas as três comissões que irão investigar denúncias de corrupção no governo
do Distrito Federal.
A situação é a mesma na CCJ
(Comissão de Constituição e
Justiça), na CPI da Corrupção e
na comissão especial: dos 5 integrantes de cada um dos grupos, 4 apoiam Arruda.
Na CPI da Corrupção, o deputado distrital Alírio Neto
(PPS) foi eleito presidente da
comissão. Ex-secretário do governo Arruda, Alírio é um dos
braços direitos do governador
na Câmara. O relator escolhido,
Raimundo Ribeiro (PSDB),
também é ex-secretário. "O que
vemos é o início de pizza", disse
o deputado distrital Paulo Tadeu (PT), único integrante da
oposição na CPI.
A comissão só definirá um
plano de trabalho na próxima
quinta. Tadeu quer ouvir já na
outra semana o autor das denúncias, Durval Barbosa, que
filmou deputados e até o governador recebendo dinheiro.
Na CCJ, onde serão analisados os pedidos de impeachment contra o governador, outro aliado de Arruda foi eleito.
O novo presidente da comissão,
o suplente de deputado Geraldo Naves (DEM), afirmou que
não haverá "condução ou manobra" nos trabalhos da CCJ.
"Sou amigo do Paulo Octávio
[vice-governador], sou amigo
de todos eles", disse Naves.
"Sou amigo do Leonardo Prudente [deputado flagrado colocando dinheiro nas meias], mas
a amizade não interfere."
Na tarde de ontem, a única
providência tomada pela CCJ
foi a escolha do presidente e do
vice. Não ficou estabelecido
prazo para os trabalhos nem foi
marcada data de nova reunião.
Naves disse que indicaria o
relator para analisar os três
processos de impeachment
contra Arruda ontem, mas até o
fechamento desta edição ele
ainda não havia apontado um
nome. Pelo regimento, o relator tem 20 dias para avaliar e
para apresentar seu parecer sobre os pedidos de afastamento.
A reunião da CCJ foi tensa e
deputados trocaram ofensas. A
petista Erika Kokay reclamou
das "grosserias" do novo presidente da CCJ, que retrucou em
seguida. "Grossa é a senhora,
que interrompe a todo momento o trabalho desta Casa."
Na chamada comissão especial, nem sequer houve reunião. A comissão foi criada para
analisar os processos de impeachment, logo após a análise
na CCJ. Aliados de Arruda, porém, tentam fazer com que os
processos de afastamento se
encerrem na própria CCJ.
A volta do deputado Leonardo Prudente (sem partido) para
a presidência da Câmara foi
marcada por protestos. Prudente foi o primeiro a chegar
ontem, às 8h, e evitou contato
com a imprensa e o público.
O primeiro ato de Prudente
foi o fechamento da Câmara ao
público, "por motivos de segurança". Diante da resistência de
Prudente em renunciar, como
queria o grupo de Arruda, um
acordo está sendo costurado. A
oposição reagiu à volta de Prudente e fez requerimento pedindo seu afastamento. Em
resposta, deputados da base pediram afastamento de Cabo Patrício (PT), que presidiu a Casa
antes da volta de Prudente.
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