São Paulo, terça-feira, 12 de janeiro de 2010

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Aliados de Arruda dominam comissões de investigação

CCJ, CPI da Corrupção e comissão especial têm só um membro da oposição cada uma

"Eu sou amigo do Paulo Octávio, sou amigo de todos eles, (...) mas a amizade não interfere", afirma Geraldo Naves, presidente da CCJ

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com as portas fechadas para o público, a base aliada do governador José Roberto Arruda (sem partido) conseguiu ontem dominar todas as três comissões que irão investigar denúncias de corrupção no governo do Distrito Federal.
A situação é a mesma na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na CPI da Corrupção e na comissão especial: dos 5 integrantes de cada um dos grupos, 4 apoiam Arruda.
Na CPI da Corrupção, o deputado distrital Alírio Neto (PPS) foi eleito presidente da comissão. Ex-secretário do governo Arruda, Alírio é um dos braços direitos do governador na Câmara. O relator escolhido, Raimundo Ribeiro (PSDB), também é ex-secretário. "O que vemos é o início de pizza", disse o deputado distrital Paulo Tadeu (PT), único integrante da oposição na CPI.
A comissão só definirá um plano de trabalho na próxima quinta. Tadeu quer ouvir já na outra semana o autor das denúncias, Durval Barbosa, que filmou deputados e até o governador recebendo dinheiro.
Na CCJ, onde serão analisados os pedidos de impeachment contra o governador, outro aliado de Arruda foi eleito. O novo presidente da comissão, o suplente de deputado Geraldo Naves (DEM), afirmou que não haverá "condução ou manobra" nos trabalhos da CCJ.
"Sou amigo do Paulo Octávio [vice-governador], sou amigo de todos eles", disse Naves. "Sou amigo do Leonardo Prudente [deputado flagrado colocando dinheiro nas meias], mas a amizade não interfere."
Na tarde de ontem, a única providência tomada pela CCJ foi a escolha do presidente e do vice. Não ficou estabelecido prazo para os trabalhos nem foi marcada data de nova reunião.
Naves disse que indicaria o relator para analisar os três processos de impeachment contra Arruda ontem, mas até o fechamento desta edição ele ainda não havia apontado um nome. Pelo regimento, o relator tem 20 dias para avaliar e para apresentar seu parecer sobre os pedidos de afastamento.
A reunião da CCJ foi tensa e deputados trocaram ofensas. A petista Erika Kokay reclamou das "grosserias" do novo presidente da CCJ, que retrucou em seguida. "Grossa é a senhora, que interrompe a todo momento o trabalho desta Casa."
Na chamada comissão especial, nem sequer houve reunião. A comissão foi criada para analisar os processos de impeachment, logo após a análise na CCJ. Aliados de Arruda, porém, tentam fazer com que os processos de afastamento se encerrem na própria CCJ.
A volta do deputado Leonardo Prudente (sem partido) para a presidência da Câmara foi marcada por protestos. Prudente foi o primeiro a chegar ontem, às 8h, e evitou contato com a imprensa e o público.
O primeiro ato de Prudente foi o fechamento da Câmara ao público, "por motivos de segurança". Diante da resistência de Prudente em renunciar, como queria o grupo de Arruda, um acordo está sendo costurado. A oposição reagiu à volta de Prudente e fez requerimento pedindo seu afastamento. Em resposta, deputados da base pediram afastamento de Cabo Patrício (PT), que presidiu a Casa antes da volta de Prudente.


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