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Hillary confirma vinda ao Brasil
Visita de secretária de Estado norte-americana será precedida pela do número 3 da chancelaria dos EUA
Visitações de autoridades americanas tinham sido colocadas em dúvida por conta de atritos recentes entre Brasília e Washington
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, visitará o Brasil neste ano. A viagem foi confirmada pelo novo
embaixador dos EUA em Brasília, Thomas Shannon, em conversa recente com o chanceler
brasileiro, Celso Amorim, conforme a Folha apurou.
A ida de Hillary a Brasília
ainda não tem data marcada,
mas será precedida pela de William Burns, o diplomata de
carreira mais graduado e o número três na hierarquia da
chancelaria norte-americana.
Subsecretário de Estado para
Assuntos Políticos dos EUA,
ele se encontrará com o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota, em 5 de fevereiro.
No dia anterior, Shannon terá apresentado oficialmente
suas credenciais ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. A visita de Burns ocorre dois meses
depois da do secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Arturo Valenzuela, que esteve no
Brasil em dezembro.
A retomada da agenda de visitações das autoridades do governo obamista segue ordem
que Patriota havia anunciado
no fim de 2009, quando ainda
era embaixador nos EUA, e pode culminar na ida de Barack
Obama ao país, embora oficialmente a Casa Branca não confirme nem desminta a viagem.
As visitas tinham sido colocadas em dúvida por conta de
atritos recentes entre Brasília e
Washington, causados por divergências em relação a alguns
temas, entre eles a melhor solução para a crise hondurenha
e qual o grau de engajamento
desejável com o presidente do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Segundo o jornal apurou, a
reunião de Burns com Patriota
tratará dos dois temas, além do
maior envolvimento recente
do Brasil na questão do conflito
israelo-palestino e de outros
assuntos no âmbito do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas),
no qual o país ocupa assento
provisório desde o dia 1º.
Vera Machado, subsecretária-geral para Assuntos Políticos, cargo equivalente ao de
Burns, participará do encontro. A ideia é manter uma interlocução mais frequente entre
integrantes dos governos dos
dois países como maneira de
antecipar e mesmo tentar evitar novos focos de tensão.
Burns representa os EUA
nas reuniões de discussão do
programa nuclear iraniano do
chamado P5 + 1, formado pelos
cinco membros permanentes
do Conselho de Segurança
(China, EUA, França, Reino
Unido e Rússia) mais Alemanha. O grupo deve se reunir em
Nova York no sábado.
Atritos
Depois de um bom começo
na relação entre Obama e Lula,
iniciado pela visita do brasileiro a Washington em março
passado e embalado por elogios
públicos do norte-americano,
os dois líderes viram seus interesses e posições se chocarem.
Divergências mais gerais, como as em relação a metas climáticas e negociações do comércio exterior, foram engrossadas por episódios pontuais,
como a ampliação da presença
americana nas bases militares
colombianas e a decisão de Lula de receber Ahmadinejad.
No auge da tensão, Obama
escreveu uma carta ao brasileiro, e o assessor internacional da
Presidência, Marco Aurélio
Garcia, disse haver "um certo
sabor de decepção que queremos que seja revertido" sobre
as posições americanas. Antes,
Amorim cobrara "maior franqueza" dos EUA com a região.
Agora, os dois países tentam
retomar o clima de entendimento inicial. Contam com o
fato de os postos principais nas
respectivas embaixadas estarem finalmente ocupados.
Shannon chegou a Brasília na
semana passada, depois de sete
meses de espera causada por
disputas políticas internas entre democratas e republicanos.
Já o brasileiro Mauro Vieira
chegou a Washington ontem.
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