São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

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DOCE PROTESTO

Agressão ocorreu em evento em Fortaleza

Manifestante "contra capitalismo" joga uma torta no rosto de Berzoini

Evilazio Bezerra/Folha Imagem
O ministro Ricardo Berzoini (Trabalho), após ativista lhe acertar uma torta no rosto


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, recebeu ontem em Fortaleza (CE) uma torta no rosto de uma ativista do Crítica Radical, grupo com atuação estadual que se diz "contra o capitalismo" e "a favor da implantação da sociedade de emancipação humana".
A agressão ocorreu na sede da Federação das Indústrias do Ceará pouco antes da inauguração do Centro da Juventude do Estado, em evento ligado ao programa federal Primeiro Emprego.
Berzoini entrou no auditório e sentou-se na primeira fila. Quando esperava ser chamado para compor a mesa, a agressora, cujo nome não foi divulgado, foi até o ministro e jogou a torta. "Na verdade, ela esfregou a torta na cara dele", disse a ex-vereadora do PSB e integrante do Crítica Radical, Rosa Fonseca. Segundo ela, antes da agressão, a mulher disse a Berzoini: "É isso que você merece". A agressora não tinha sido identificada até a conclusão desta edição.
"Foi um ato completamente merecido", disse Fonseca. Segundo ela, a torta, feita com açúcar, farinha e cerejas, era dirigida "a todo o governo Lula": "Lula é o responsável pelas medidas do governo, pelas reformas da Previdência e a futura reforma trabalhista". Berzoini ocupou a Previdência até janeiro, quando foi deslocado para o Trabalho.
"O presidente [Lula] quer apenas dar sobrevida ao capitalismo em sua fase final", completou. A agressão foi o ato final de uma manifestação, iniciada horas antes, que reuniu cerca de 50 pessoas do grupo -entre elas a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenelle, expulsa do PT em 1988. O grupo, que não participa de nenhum partido, exibiu faixas contra o governo e gritou slogans.

Repercussão
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse ser contra qualquer manifestação violenta, mas ressaltou que esse tipo de "agressão" tem antecedentes no próprio PT: "Esse veneno que o PT está provando é de farmacologia deles próprios. Ele estimularam agressões contra o [José] Serra, com um ovo, e contra o [Mário] Covas. Eu lamento, reprovo, mas isso foi alimentado por eles".
O presidente do PT, José Genoino, que foi vítima de protesto similar no Fórum Social Mundial de Porto Alegre em janeiro de 2003, afirmou estar "indignado": "Isso é vandalismo político e antidemocrático. Eu me solidarizo com o companheiro Berzoini".
Segundo Genoino, protestar e vaiar são atos que fazem parte da democracia, mas a tortada constitui uma "agressão". Ele negou que o PT estimulasse essas atitudes: "Isso é anarquismo inconseqüente. Mas o ministro Berzoini agiu muito bem. Eles querem que nós percamos a calma. Mas o ministro manteve sua calma."

Colaborou VIRGILIO ABRANCHES, da Reportagem Local


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