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CONTAS PÚBLICAS
Bloqueio, que vai afetar emendas de deputados, só deve ser anunciado após a eleição para presidente da Câmara
Corte no Orçamento pode atingir R$ 15 bi
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deverá cortar entre R$ 13 bilhões e R$ 15 bilhões do Orçamento da União para 2005. A decisão
será anunciada somente após as
eleições para as presidências da
Câmara e do Senado.
Motivo: evitar que desagrade
parlamentares numa hora em que
o governo enfrenta dificuldades
para eleger Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) à presidência da Câmara. As emendas dos congressistas serão atingidas em cheio pelo bloqueio de gastos.
Após a aprovação do Orçamento, o Ministério do Planejamento
fez cenários de corte, cujo termo
técnico é contingenciamento. O
preferido de Lula era o que previa
bloqueio de R$ 11 bilhões (R$ 8 bilhões em investimentos e R$ 3 bilhões em custeio), mas o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, achou pouco.
O corte de 2005 será superior ao
do ano passado. Em 2004, foram
bloqueados R$ 3 bilhões dos investimentos e R$ 3 bilhões de custeio. Durante o ano, foram desbloqueados R$ 2,5 bilhões.
Como é natural haver desbloqueio parcial ao longo do ano, Palocci defendeu uma forte demonstração de austeridade, sob
pena de tornar mais dura a política monetária (alta da taxa básica
de juros da economia, a Selic).
Nas reuniões da cúpula do governo, o ministro disse que o
Congresso produziu um Orçamento fictício, inflando receitas e
o valor dos investimentos. Estão
previstos R$ 21 bilhões em investimentos, parte que será a mais sacrificada. As despesas de custeio
também sofrerão cortes.
As despesas de investimento
são gastos novos do governo. As
de custeio não são apenas de manutenção da máquina. O recapeamento de uma estrada também
conta como custeio. A manutenção de um hospital, também.
Palocci argumentou ainda que,
na hora em que empresários criticam o governo pela elevação de
gastos públicos, pegaria bem perante a sociedade e o mercado financeiro uma demonstração de
austeridade, sinalizando que o esforço fiscal será mantido.
Um corte elevado reforça os argumentos de Palocci que defende
um superávit primário (economia de receita para pagamento de
juros da dívida) de 4,5% do PIB
(Produto Interno Bruto). Oficialmente, a meta é 4,25%. Palocci se
disse preocupado com a margem
de manobra para cortes. Como
houve crescimento do PIB em
2004, por determinação constitucional deverá haver o aumento
proporcional de gastos na saúde.
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