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Documento do PT agrava desavenças com aliados
PSB, PC do B, PMDB e PP vão pedir a Lula que freie ânsia petista por cargos
Em texto interno, partido do presidente pediu pastas da área de infra-estrutura, hoje sob o controle de siglas que compõem a coalizão lulista
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CONRADO CORSALETTE
ENVIADOS ESPECIAIS A SALVADOR
A festa pelos 27 anos do PT e
a reunião do Diretório Nacional do partido, ambas no fim de
semana em Salvador (BA), ajudaram a agravar a crise na base
aliada do governo aberta após a
eleição de Arlindo Chinaglia
(PT-SP) para a Presidência da
Câmara, avaliam petistas ligados diretamente ao Planalto.
Aliados do governo no Congresso, PSB, PC do B, PMDB e
PP vão nesta semana pedir a
Luiz Inácio Lula da Silva um
freio na ânsia dos petistas por
cargos. Dentro do PT, o trabalho será para evitar que a cisão
atrapalhe a votação do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento).
Documento interno do PT,
divulgado anteontem, prega a
"harmonia" entre os ministros
a serem nomeados e o PAC.
O texto desagradou a aliados
do Planalto como o PMDB e o
PP, que viram nele uma tentativa de direcionar as indicações
para os "quadros" do PT e de
aumentar o controle do partido
do presidente no governo já
com vistas na disputa de 2010.
"O PAC não é uma política de
partido, é uma política de governo. Todo mundo que entrar
no governo terá de apoiá-lo,
não existe monopólio deste ou
daquele partido", disse o deputado peemedebista Geddel Viera Lima (BA), que chegou a ser
homenageado na festa que o PT
promoveu sexta-feira à noite
em Salvador para comemorar
os 27 anos da legenda.
No documento divulgado anteontem, o PT faz referência direta aos ministérios da área de
infra-estrutura, todos alvos de
cobiça de PP, PR e PMDB, integrantes da coalizão de governo.
Segundo petistas, foi uma
resposta "à tentativa de "despetização" dos ministérios". "No
governo FHC ninguém discutia
se esse ou aquele ministério estava nas mãos do PSDB ou do
PFL", disse o ex-ministro da
Pesca José Fritsch (PT-SC).
Na quinta-feira, a Comissão
Política do PT pretende apresentar a Lula seu plano de ocupação da Esplanada. O partido
fez uma consulta a todos os
seus quadros regionais para
aferir quais espaços são vitais
para a legenda.
Até quinta-feira, os aliados
do PT, que também têm presidenciáveis como o deputado
Ciro Gomes (PSB-CE), tentarão convencer Lula de que um
segundo mandato focado apenas nos quadros do PT poderá
reeditar erros do primeiro.
Chinaglia
A resolução do diretório também foca a pasta das Comunicações, hoje comandada por
Hélio Costa (PMDB), que não
pretende deixar o cargo.
Além disso, o texto, de quatro
páginas, dedica poucas linhas
ao governo de coalizão.
Segundo a Folha apurou, representantes do PSB e do PC
do B que também participaram
das comemorações em Salvador, a convite do PT, reclamaram do teor do texto.
Outro ponto de discórdia foi
o discurso do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). No jantar pelos 27 anos do
PT, ele se derramou em elogios
apenas ao PMDB e disse que
não retirou sua candidatura
porque Lula nunca pediu. Para
PSB e PC do B, Chinaglia atribuiu ao presidente sua vitória.
Chinaglia derrotou na eleição Aldo Rebelo (PC do B-SP),
que teve ao seu lado o PSB.
Alguns petistas condenaram
o discurso de Chinaglia e disseram que Lula ficou constrangido com a fala do deputado.
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