São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Documento do PT agrava desavenças com aliados

PSB, PC do B, PMDB e PP vão pedir a Lula que freie ânsia petista por cargos

Em texto interno, partido do presidente pediu pastas da área de infra-estrutura, hoje sob o controle de siglas que compõem a coalizão lulista

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CONRADO CORSALETTE

ENVIADOS ESPECIAIS A SALVADOR

A festa pelos 27 anos do PT e a reunião do Diretório Nacional do partido, ambas no fim de semana em Salvador (BA), ajudaram a agravar a crise na base aliada do governo aberta após a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a Presidência da Câmara, avaliam petistas ligados diretamente ao Planalto.
Aliados do governo no Congresso, PSB, PC do B, PMDB e PP vão nesta semana pedir a Luiz Inácio Lula da Silva um freio na ânsia dos petistas por cargos. Dentro do PT, o trabalho será para evitar que a cisão atrapalhe a votação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Documento interno do PT, divulgado anteontem, prega a "harmonia" entre os ministros a serem nomeados e o PAC.
O texto desagradou a aliados do Planalto como o PMDB e o PP, que viram nele uma tentativa de direcionar as indicações para os "quadros" do PT e de aumentar o controle do partido do presidente no governo já com vistas na disputa de 2010.
"O PAC não é uma política de partido, é uma política de governo. Todo mundo que entrar no governo terá de apoiá-lo, não existe monopólio deste ou daquele partido", disse o deputado peemedebista Geddel Viera Lima (BA), que chegou a ser homenageado na festa que o PT promoveu sexta-feira à noite em Salvador para comemorar os 27 anos da legenda.
No documento divulgado anteontem, o PT faz referência direta aos ministérios da área de infra-estrutura, todos alvos de cobiça de PP, PR e PMDB, integrantes da coalizão de governo.
Segundo petistas, foi uma resposta "à tentativa de "despetização" dos ministérios". "No governo FHC ninguém discutia se esse ou aquele ministério estava nas mãos do PSDB ou do PFL", disse o ex-ministro da Pesca José Fritsch (PT-SC).
Na quinta-feira, a Comissão Política do PT pretende apresentar a Lula seu plano de ocupação da Esplanada. O partido fez uma consulta a todos os seus quadros regionais para aferir quais espaços são vitais para a legenda.
Até quinta-feira, os aliados do PT, que também têm presidenciáveis como o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), tentarão convencer Lula de que um segundo mandato focado apenas nos quadros do PT poderá reeditar erros do primeiro.

Chinaglia
A resolução do diretório também foca a pasta das Comunicações, hoje comandada por Hélio Costa (PMDB), que não pretende deixar o cargo.
Além disso, o texto, de quatro páginas, dedica poucas linhas ao governo de coalizão.
Segundo a Folha apurou, representantes do PSB e do PC do B que também participaram das comemorações em Salvador, a convite do PT, reclamaram do teor do texto.
Outro ponto de discórdia foi o discurso do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). No jantar pelos 27 anos do PT, ele se derramou em elogios apenas ao PMDB e disse que não retirou sua candidatura porque Lula nunca pediu. Para PSB e PC do B, Chinaglia atribuiu ao presidente sua vitória.
Chinaglia derrotou na eleição Aldo Rebelo (PC do B-SP), que teve ao seu lado o PSB.
Alguns petistas condenaram o discurso de Chinaglia e disseram que Lula ficou constrangido com a fala do deputado.


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