|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ala do PMDB cobra rapidez de Lula em reforma ministerial
Neogovernistas querem definição antes da convenção da
sigla, em 11 de março, que elegerá novo comando nacional
Grupo pode adiar a reunião
para 10 de abril, esticando a
reforma e atrapalhando o
PAC; Renan e Sarney lutam
para adiar as mudanças
KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
A ala neogovernista do
PMDB, que assumiu o controle
da bancada de 102 deputados
federais da legenda, pressiona o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a realizar a reforma ministerial antes da convenção do
partido em 11 de março.
O antigo grupo governista,
capitaneado pelo presidente do
Senado, Renan Calheiros (AL),
e pelo senador José Sarney
(AP) quer que o presidente só
faça alterações que afetem o
partido após a convenção.
O pano de fundo é a disputa
pela presidência do partido. Os
neogovernistas desejam reeleger o deputado federal Michel
Temer (SP) para o comando da
legenda. A dupla Renan-Sarney
aposta na candidatura do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim
para derrubar Temer e, assim,
manter a hegemonia na interlocução com Lula, como fez durante o primeiro mandato.
O grupo da Câmara ganhou
força com a eleição de Arlindo
Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Casa. Chinaglia foi
eleito com o apoio da aliança
PT-PMDB, que, juntos, terão
mais de 180 deputados -mais
de um terço da Câmara, que
possui 513 integrantes.
Renan e Sarney já pediram a
Lula na semana passada que
adie a reforma. O presidente
gosta de Jobim, e acharia bom
que ele substituísse Temer,
mas teme atender ao grupo do
Senado e implodir a boa relação
que custou a construir com a
ala da Câmara. Lula enfrentou
muita dificuldade na Casa no
primeiro mandato por causa da
forte divisão do PMDB.
A ala neogovernista, com
maioria na Executiva Nacional,
pode tomar uma decisão que
deixaria Lula numa sinuca de
bico: reunir-se e adiar a convenção nacional para 10 de
abril. Isso esticaria ainda mais a
reforma ministerial e também
dificultaria a tramitação das
medidas do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) no
Congresso, a prioridade número um do Palácio do Planalto.
Lula marcou reunião para
hoje com Temer e o novo líder
da bancada do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves
(RN). No final de semana, o deputado peemedebista Geddel
Vieira Lima, aliado do governador da Bahia, Jaques Wagner,
participou de dois eventos ao
lado do presidente.
Um dos principais articuladores políticos do governo do
tucano Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) e apoiador da candidatura derrotada
de José Serra (PSDB) à Presidência em 2002, Geddel participou do jantar de comemoração dos 27 anos anos do PT, na
sexta à noite. No sábado, esteve
no almoço dos cinco governadores do PT com o presidente,
também na capital baiana.
Geddel é o nome mais forte
da bancada do PMDB para integrar o primeiro escalão de
Lula no segundo mandato. Tem
ainda o apoio de dois petistas
com forte cacife junto a Lula,
Wagner e Chinaglia.
Durante o primeiro mandato, a cota do PMDB começou
com duas pastas e foi ampliada
para três: Saúde, Minas e Energia e Comunicações. Hoje, a
primeira está a cargo de um interino, José Agenor. A segunda
é dirigida por um apadrinhado
político de Sarney, Silas Rondeau. A terceira está na cota do
PMDB do Senado.
De acordo com o mapa dos
principais 5.000 cargos federais, Renan e Sarney detêm a
maioria dos postos. Lula quer
redivisão de poder com os neogovernistas. Renan e Sarney
avaliam que, se elegerem Jobim, poderão manter a influência na repartição de cargos. A
aspiração do PMDB é obter
mais duas pastas. Lula resiste.
Sua tendência é contemplar a
sigla com quatro ministérios.
Texto Anterior: Disputa interna fica adiada para evento em julho Próximo Texto: Atrasado, Wagner se irrita e "foge" de festa que celebrou sua vitória e 27 anos do PT Índice
|