São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Ala do PMDB cobra rapidez de Lula em reforma ministerial

Neogovernistas querem definição antes da convenção da sigla, em 11 de março, que elegerá novo comando nacional

Grupo pode adiar a reunião para 10 de abril, esticando a reforma e atrapalhando o PAC; Renan e Sarney lutam para adiar as mudanças

KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

A ala neogovernista do PMDB, que assumiu o controle da bancada de 102 deputados federais da legenda, pressiona o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a realizar a reforma ministerial antes da convenção do partido em 11 de março.
O antigo grupo governista, capitaneado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e pelo senador José Sarney (AP) quer que o presidente só faça alterações que afetem o partido após a convenção.
O pano de fundo é a disputa pela presidência do partido. Os neogovernistas desejam reeleger o deputado federal Michel Temer (SP) para o comando da legenda. A dupla Renan-Sarney aposta na candidatura do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim para derrubar Temer e, assim, manter a hegemonia na interlocução com Lula, como fez durante o primeiro mandato.
O grupo da Câmara ganhou força com a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Casa. Chinaglia foi eleito com o apoio da aliança PT-PMDB, que, juntos, terão mais de 180 deputados -mais de um terço da Câmara, que possui 513 integrantes.
Renan e Sarney já pediram a Lula na semana passada que adie a reforma. O presidente gosta de Jobim, e acharia bom que ele substituísse Temer, mas teme atender ao grupo do Senado e implodir a boa relação que custou a construir com a ala da Câmara. Lula enfrentou muita dificuldade na Casa no primeiro mandato por causa da forte divisão do PMDB.
A ala neogovernista, com maioria na Executiva Nacional, pode tomar uma decisão que deixaria Lula numa sinuca de bico: reunir-se e adiar a convenção nacional para 10 de abril. Isso esticaria ainda mais a reforma ministerial e também dificultaria a tramitação das medidas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Congresso, a prioridade número um do Palácio do Planalto.
Lula marcou reunião para hoje com Temer e o novo líder da bancada do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). No final de semana, o deputado peemedebista Geddel Vieira Lima, aliado do governador da Bahia, Jaques Wagner, participou de dois eventos ao lado do presidente.
Um dos principais articuladores políticos do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e apoiador da candidatura derrotada de José Serra (PSDB) à Presidência em 2002, Geddel participou do jantar de comemoração dos 27 anos anos do PT, na sexta à noite. No sábado, esteve no almoço dos cinco governadores do PT com o presidente, também na capital baiana.
Geddel é o nome mais forte da bancada do PMDB para integrar o primeiro escalão de Lula no segundo mandato. Tem ainda o apoio de dois petistas com forte cacife junto a Lula, Wagner e Chinaglia.
Durante o primeiro mandato, a cota do PMDB começou com duas pastas e foi ampliada para três: Saúde, Minas e Energia e Comunicações. Hoje, a primeira está a cargo de um interino, José Agenor. A segunda é dirigida por um apadrinhado político de Sarney, Silas Rondeau. A terceira está na cota do PMDB do Senado.
De acordo com o mapa dos principais 5.000 cargos federais, Renan e Sarney detêm a maioria dos postos. Lula quer redivisão de poder com os neogovernistas. Renan e Sarney avaliam que, se elegerem Jobim, poderão manter a influência na repartição de cargos. A aspiração do PMDB é obter mais duas pastas. Lula resiste. Sua tendência é contemplar a sigla com quatro ministérios.


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