São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Globo devasta e mobiliza

Reprodução
Fátima Bernardes e a mãe


Record e Band carregam em manchetes tipo "pai de ladrão que matou menino tem casa apedrejada".
Mas a Globo está em campanha. Começou no "JN" de quinta, "o bandido menor de idade pode ficar internado na instituição por no máximo três anos".
Depois, manchetes tipo "um assunto domina os brasileiros: a morte do menino João devasta a família e mobiliza cidadãos à discussão: é justa a punição?". Por fim, no "Fantástico", "JN" e até "Domingão do Faustão" editorializado, Fátima Bernardes e a mãe:
- [É] uma dor que não dá para calcular, mesmo que a gente tenha filho... Vocês se vêem lutando para que a morte dele não seja mais um número na estatística?
- Tem que mudar, tem que rever a legislação... O menor de 18 tem, sim, que ser punido. Não pode ficar só três anos para daqui a três anos matar outro João.
E não, nada de sublinhar que o "menor de 18" é um em meio a quatro adultos acusados. Ou que o homem que se entregou ontem tem "outro lado". Ele nega.

"A GLOBO JÁ ERA"
A frase ficou o dia inteiro nos "+ lidos" da Folha Online: "A Globo já era", declaração do autor de "Vidas Opostas", violenta novela da Record que vence no horário nobre, às quartas, por alguns minutos.
O fato inusitado vem sendo destacado há semanas por colunas e blogs tipo Blue Bus.

SEM ENGANO
O blog de Marcelo Coelho, em reação à campanha contra o manual de classificação, diz que as emissoras de TV e seus porta-vozes "não enganam" com o raciocínio de que são "a mesma coisa proibir um livro e dizer que um seriado com cenas de tortura não deve aparecer no horário da tarde".

CONCORRÊNCIA 1
O site Tela Viva dá que os executivos da Record estão nos EUA, em fábricas e na CNN, atrás de equipamentos da Record News. A adversária da Globo News, para driblar o oligopólio de cabo, vai estrear com o sinal aberto, em UHF.

CONCORRÊNCIA 2
A americana "Variety" dá que o "cabo ganhou impulso" no país em 2006. A alta de 11% foi liderada pela mexicana Net/Telmex com seu pacote de cabo, telefone e acesso. O "impulso" vai prosseguir com a espanhola TVA/Telefônica.
E vem mais. O site Teletime dá que o serviço de satélite Sky+DirecTV fez acordo com Brasil Telecom+Telemar.

700 SOLDADOS

washingtonpost.com/Reprodução
Cena da batalha, no "WP"


O Haiti voltou afinal aos telejornais brasileiros no fim de semana, "JN" à frente, e chegou também ontem ao "Washington Post", com a operação das tropas da ONU para ocupar Cite Soleil, a maior "slum" ou favela de Porto Príncipe, a capital.
Diz a longa reportagem do "WP" que são "combates quadra a quadra". O quadro é semelhante ao do Rio, com os 700 soldados, sob liderança brasileira, em luta com a "gangue" comandada por "Little Knife" ou faca pequena; mas não, nada de milícias. Avalia o jornal que é "a maior operação das Nações Unidas" desde que chegou ao país.

"SLUM TOURISM"
Ontem no blog da "Foreign Policy", Christine Bowers, também consultadora do Banco Mundial, defendeu a onda nas agências de viagem de levar turistas às favelas do mundo -de Soweto, na África do Sul, passando por Índia e Quênia, até "as mais famosas favelas do mundo, as do Rio". É "slum tourism", turismo de favela, ou "pro poor tourism", turismo em favor dos pobres.
Às portas do Carnaval, sites e jornais, como o "Los Angeles Times", estão carregados de indicações para turismo no país -e no Rio em especial.

BRAZIL, BRASYL
Só no "Financial Times" de sábado, foram quatro longos textos sobre o Brasil. Um descrevia como desfilar nas escolas de samba, saudava a Mangueira etc. Outro, de um colunista regular, narrava um dia de jogo no Maracanã. Um terceiro fazia a resenha elogiosa do relançamento de "Brazilian Adventure", "um dos melhores livros de viagem já escritos", de Peter Fleming, o irmão do criador de 007.
Por fim, destacou-se até um certo "Brasyl", livro de ficção científica à "Blade Runner" que se passa em São Paulo.

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@ - Nelson de Sá


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