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ANÁLISE
Política adota lei do silêncio em Brasília
MELCHIADES FILHO
DIRETOR-EXECUTIVO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mensalão devastou o cenário político em Brasília, mas curiosamente ninguém tentou tirar proveito do vácuo de poder.
Se José Roberto Arruda fingia
que governava até ser preso, os
oponentes, os aliados até aqui
não abatidos pelo escândalo e
todos os pré-candidatos ao governo fingiam (e continuam
fingindo) que não existem.
O motivo? Mesmo quem aparentemente não tem nada a ver
com o propinoduto se assustou.
Não se sabe até onde o Panetonegate pode crescer nem o que há
no arsenal de grampos, vídeos e
papéis ainda não divulgados pelo
delator-chefe Durval Barbosa.
Antecessor de Arruda e líder
nas pesquisas, Joaquim Roriz
(PSC), por exemplo, não fala
em público desde que explodiram denúncias de suborno e do
uso do dinheiro para compra de
apoio político. Talvez porque
seja mesmo o mentor de Durval. Talvez porque saiba que a
máquina de corrupção agora
desbaratada foi instalada na
verdade em seu governo e por
isso tema um dossiê do contragolpe, dado como certo no submundinho dos arapongas.
Cristovam Buarque, outro
ex-governador, desautorizou
quem pensou em lançá-lo como "saída ética" a essa confusão. Rapidinho avisou que buscará a reeleição ao Senado, que
não quer mais saber do Executivo. Seu partido, o PDT, desistiu de tentar o governo.
Até ontem arranhado lateralmente pela investigação da PF,
o vice-governador Paulo Octávio já havia diminuído as atividades políticas e administrativas de seu gabinete, se afastado
informalmente da direção nacional do DEM e insinuado
que, no máximo, aceitará um
dia voltar ao Legislativo.
O PT, o que mais podia lucrar
fustigando Arruda, pois na capital faz oposição ao governo,
conteve os ânimos e freou a
candidatura de Agnelo Queiroz
-o ex-ministro viu as fitas de
Durval semanas antes de serem
divulgadas pela imprensa e,
apesar da gravidade do conteúdo, nada fez. O partido, para variar, espera ordens de Lula.
Nomes conhecidos pelo bom
trânsito na máquina distrital e
pelo interesse de emergir como
opção em outubro, os deputados federais Tadeu Filipelli
(PMDB) e Rodrigo Rollemberg
(PSB) e o senador Gim Argello
(PTB) também congelaram em
pleno voo -como o beija-flor
que dá nome à escola de samba
que, desafortunada, escolheu a
capital como tema do desfile da
madrugada de segunda-feira.
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