São Paulo, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

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outro lado

Arruda afirma que é vítima de "armação"

FERNANDA ODILLA
DIMMI AMORA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes de se apresentar à Polícia Federal, o governador José Roberto Arruda escreveu uma carta de seis páginas lamentando a "campanha difamatória" contra ele e mandou mensagem à Câmara do Distrito Federal se licenciando do cargo "pelo tempo que durar essa medida coercitiva".
Assim, enquanto Arruda estiver preso, assume o vice, Paulo Octávio (DEM), também investigado no esquema de corrupção. No texto escrito à mão, Arruda diz que pediu licença para que Paulo Octávio possa dar "seguimento a todas as obras".
Arruda cita graves momentos da história política brasileira, como o impeachment do ex-presidente Fernando Collor e as recentes crises do mensalão e no governo tucano do Rio Grande do Sul, para criticar o mandado de prisão contra ele e os cinco aliados investigados na tentativa de suborno.
Na mensagem, Arruda reclamou ainda que lhe foi negado o pedido de depor à Justiça para, segundo ele, por fim à série de "armadilhas, armações, flagrantes pré-fabricados, denúncias politicamente bem elaboradas" para ele não disputar as eleições deste ano.
Arruda foi preso repetindo ter sido vítima de armação do grupo que atacou os cofres públicos antes de ele assumir o Executivo. Ele se refere a Durval Barbosa, delator do esquema, que antes de ser secretário de Arruda foi diretor de empresa na gestão de Joaquim Roriz (PSC) -entre 1998 e 2006.
"Estou consciente de que desarmei uma quadrilha que se locupletava de dinheiro público há muitos anos, e que agora volta-se contra mim de maneira torpe para confundir a opinião pública, confundir as autoridades e tramar a minha saída", diz a mensagem.
O presidente da Câmara do DF, deputado Wilson Lima (PR), afirmou que convocou para hoje reunião com os deputados distritais e o governador em exercício, Paulo Octávio.
Como Arruda pediu o afastamento, Paulo Octávio assumiu imediatamente. Ele, que estava embarcando ontem para Nova York, pegou um avião em São Paulo à tarde para voltar à capital federal. Segundo sua assessoria, iria avaliar com advogados se vai reagir na Justiça ao pedido de intervenção federal.
A oposição se prepara para pedir o afastamento de todos os envolvidos, inclusive do vice e dos deputados investigados. "Arruda está fora de si. A carta é de alguém que quer continuar a qualquer custo no poder", disse o líder do PT, Paulo Tadeu.
A Folha procurou as demais pessoas que tiveram a prisão decretada por envolvimento na suposta tentativa de suborno.
O suplente de deputado distrital Geraldo Naves (DEM), Weligton Moraes, ex-assessor de Comunicação, e Haroaldo Carvalho, ex-diretor da CEB (Companhia Energética de Brasília), não ligaram de volta. A reportagem não localizou Rodrigo Arantes, sobrinho do governador. O advogado de Antônio Bento da Silva, preso entregando propina a testemunha no ano passado, estava com o celular desligado.


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