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outro lado
Arruda afirma que é vítima de "armação"
FERNANDA ODILLA
DIMMI AMORA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes de se apresentar à Polícia Federal, o governador José
Roberto Arruda escreveu uma
carta de seis páginas lamentando a "campanha difamatória"
contra ele e mandou mensagem à Câmara do Distrito Federal se licenciando do cargo
"pelo tempo que durar essa medida coercitiva".
Assim, enquanto Arruda estiver preso, assume o vice, Paulo
Octávio (DEM), também investigado no esquema de corrupção. No texto escrito à mão, Arruda diz que pediu licença para
que Paulo Octávio possa dar
"seguimento a todas as obras".
Arruda cita graves momentos da história política brasileira, como o impeachment do ex-presidente Fernando Collor e
as recentes crises do mensalão
e no governo tucano do Rio
Grande do Sul, para criticar o
mandado de prisão contra ele e
os cinco aliados investigados na
tentativa de suborno.
Na mensagem, Arruda reclamou ainda que lhe foi negado o
pedido de depor à Justiça para,
segundo ele, por fim à série de
"armadilhas, armações, flagrantes pré-fabricados, denúncias politicamente bem elaboradas" para ele não disputar as
eleições deste ano.
Arruda foi preso repetindo
ter sido vítima de armação do
grupo que atacou os cofres públicos antes de ele assumir o
Executivo. Ele se refere a Durval Barbosa, delator do esquema, que antes de ser secretário
de Arruda foi diretor de empresa na gestão de Joaquim Roriz
(PSC) -entre 1998 e 2006.
"Estou consciente de que desarmei uma quadrilha que se
locupletava de dinheiro público há muitos anos, e que agora
volta-se contra mim de maneira torpe para confundir a opinião pública, confundir as autoridades e tramar a minha saída", diz a mensagem.
O presidente da Câmara do
DF, deputado Wilson Lima
(PR), afirmou que convocou
para hoje reunião com os deputados distritais e o governador
em exercício, Paulo Octávio.
Como Arruda pediu o afastamento, Paulo Octávio assumiu
imediatamente. Ele, que estava
embarcando ontem para Nova
York, pegou um avião em São
Paulo à tarde para voltar à capital federal. Segundo sua assessoria, iria avaliar com advogados se vai reagir na Justiça ao
pedido de intervenção federal.
A oposição se prepara para
pedir o afastamento de todos os
envolvidos, inclusive do vice e
dos deputados investigados.
"Arruda está fora de si. A carta é
de alguém que quer continuar a
qualquer custo no poder", disse
o líder do PT, Paulo Tadeu.
A Folha procurou as demais
pessoas que tiveram a prisão
decretada por envolvimento na
suposta tentativa de suborno.
O suplente de deputado distrital Geraldo Naves (DEM),
Weligton Moraes, ex-assessor
de Comunicação, e Haroaldo
Carvalho, ex-diretor da CEB
(Companhia Energética de
Brasília), não ligaram de volta.
A reportagem não localizou
Rodrigo Arantes, sobrinho do
governador. O advogado de Antônio Bento da Silva, preso entregando propina a testemunha no ano passado, estava
com o celular desligado.
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