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DÍVIDAS
Descumprimentos das metas fiscais em 1998 serão analisados junto com os resultados do ano passado
Governo decide não punir Estados
SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O governo deixou de aplicar punições aos Estados que não cumpriram as metas fiscais de 1998 fixadas nos acordos de renegociação das dívidas com a União. De
acordo com o secretário-adjunto
do Tesouro Nacional, Renato Vilella, os resultados de 1998 serão
analisados junto com os de 1999.
Em 1998, pelos dados do Banco
Central, as despesas dos Estados
superaram as receitas em R$
3,726 bilhões. Em 1999, os Estados
conseguiram economizar R$
1,581 bilhão para pagar juros.
Segundo Vilella, vários Estados
não cumpriram todas as metas de
1998. Pelos acordos fechados com
o Tesouro, o descumprimento de
qualquer meta resulta em dois tipos de punições.
A primeira é o aumento da correção da dívida. Nos contratos, a
correção das dívidas estaduais é
feita pelo IGP (Índice Geral de
Preços) mais 6% ao ano. O descumprimento das metas muda a
correção para a taxa Selic (custo
médio de captação do Tesouro no
mercado) mais 1% ao mês.
A outra punição é o aumento do
comprometimento mensal de receita com o pagamento da dívida.
Nos contratos, o comprometimento varia entre 11,5% e 15% da
receita dos Estados. O descumprimento das metas eleva esse comprometimento em quatro pontos
percentuais.
Reclamações
Na última reunião que tiveram
com o presidente Fernando Henrique Cardoso, os governadores
reclamaram que o comprometimento de receita com o pagamento de dívidas é alto e está comprometendo os projetos sociais.
Vilella explicou que as metas fiscais são traçadas para tornar a dívida do Estado, no máximo, igual
a sua receita anual. Ou seja, uma
relação dívida/receita de 1.
Hoje, essa relação varia de 0,2 a
4,3, sendo que a média é de 2,3.
Apenas seis Estados têm uma relação dívida/receita inferior a 1 e
três Estados têm relação superior
a 4. Existem Estados, como o Maranhão, que só deverão igualar dívida com receita anual em 2016.
Para São Paulo, a relação deverá
ser atingida em 2008.
"Muitas vezes, existem questões
extemporâneas que afetam as
metas. Depois que os números
dos Estados vêm para cá, há uma
troca de correspondências com o
Tesouro para que essas questões
sejam detalhadas", disse Vilella.
Segundo o secretário, o trabalho
de checagem desses dados durou
até o começo deste ano. "A avaliação de 1998 de alguns Estados ainda não está fechada", informou.
Apesar de adiar a aplicação das
punições, o secretário do Tesouro, Fábio Barbosa, disse que o governo vai exigir o cumprimento
das metas. Os resultados dos Estados em 1999 chegam em abril.
Metas
As metas dos contratos de renegociação de dívida firmados a
partir de 1997 são de seis tipos:
1) trajetória para que seja atingida uma relação dívida/receita
igual a 1;
2) resultado primário (economia de receita para pagamento de
juros);
3) despesas com pessoal (limite
de 60% da receita);
4) aumento de arrecadação;
5) limite para investimentos;
6) reformas administrativa e patrimonial.
Vilella lembrou que o cumprimento das metas de arrecadação,
por exemplo, está muito ligado ao
crescimento da economia.
O limite relacionado a despesas
com pessoal, segundo ele, é mais
rígido que o fixado pela Lei Camata porque não leva em conta as
receitas das empresas estatais estaduais. Ou seja, o limite de 60% é
relacionado a uma receita menor.
De acordo com o secretário, os
contratos de renegociação são
bastante rígidos e não admitem
descumprimento por questões
que poderiam ser classificadas como "meritórias".
"Um Estado que tem problemas
com seca prolongada pode cortar
gastos para poder fazer obras
emergenciais e cumprir seu resultado primário. Mas essas obras
podem levar a um descumprimento da meta de investimentos", disse Vilella.
Esse tipo de problema é levado
em conta pelo Tesouro Nacional
na redefinição de metas que ocorre anualmente.
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