São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2002

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Empresa responde a processo no Maranhão

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A construtora Sucesso, cujo nome está em um envelope que continha parte do R$ 1,34 milhão apreendido na Lunus, empresa de Roseana Sarney e seu marido, Jorge Murad, é acusada de improbidade administrativa em obras no Maranhão e no Piauí.
Além de os serviços terem sido contratados com dispensa de licitação, apresentariam indícios de superfaturamento, projeto básico inadequado, notas fiscais suspeitas e ausência de comprovação de despesas das empresas terceirizadas, segundo acusação do Ministério Público Federal.
Em relatório de 2000, o Tribunal de Contas da União contestou a dispensa de licitação no Piauí.
No Maranhão, a empresa foi contratada pelo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) em 1996 para executar serviço considerado de emergência pelo órgão a fim de restabelecer o tráfego da rodovia BR 222.
Em denúncia de 2001, o Ministério Público Federal sustenta que os serviços prestados pela empresa custaram valores superiores aos necessários, alguns não teriam sido executados, e os que foram seriam de baixa qualidade. O valor do contrato (PG 078/ 96-00) do DNER com a empresa foi de R$ 2.439.277,88.
A acusação dos procuradores recai também em funcionários do órgão no Maranhão. O DNER foi extinto este ano após denúncias de irregularidades.
Em 2000, a construtora firmou novamente outros dois contratos de R$ 5.477.976,25 e R$ 8.344.633,23 com o órgão.
Ambos os serviços eram referentes à execução de obras de restauração da mesma rodovia. Segundo o Ministério dos Transportes, falta uma rotatória em um trecho da rodovia para a obra ser finalizada.
A empresa executou trecho que liga os municípios de São Luís a Barreirinhas, onde está sendo construído o Eco Resort -empreendimento que tem como sócio Murad. A venda de chalés do local tem sido usada como uma das explicações de Roseana para o R$ 1,34 milhão encontrado pela Polícia Federal em sua empresa.
De acordo com o ministério, os dois contratos foram firmados em 2000, antes, portanto, da denúncia de 2001 contra a contratação dos serviços da Sucesso.

Sem licitação
O Tribunal de Contas da União abriu um processo em 1996 para investigar os indícios de irregularidades nas obras realizadas pela empresa no Piauí.
Um dos contratos suspeitos firmados com o DNER, no valor de R$ 3.565.052,76, visava terminar as obras do Anel Rodoviário de Teresina, iniciadas em 1993 pelo DER (Departamento de Estradas e Rodagem) do Piauí.
O contrato com o DER recebeu um aditamento 16 dias após a celebração. A explicação seriam os "serviços extras", com valores equivalentes a 25% do valor do contrato original, em virtude da modificação do sistema de drenagem do empreendimento.
Outras obras da Sucesso na BR-316, como a recuperação do aterro da ponte sobre o rio Poty, também foram investigadas.
Na época, sob contestação do Ministério Público Federal, o órgão contratou a empresa sem licitação alegando emergência.
"No caso das estradas de rodagem, tem sido comum o abandono da manutenção preventiva das vias, para, após sua quase destruição total, realizarem-se obras sob o manto desairoso da dispensa de licitação, dando-se uma interpretação totalmente míope à lei nš 8.666/93. Foi o que ocorreu no caso que ora se analisa, já que as obras foram sistematicamente enquadradas como emergenciais, quando a realidade era outra", afirmou o relator do processo no TCU, ministro Adylson Motta.
O Tribunal de Contas da União, por meio do voto do ministro, alegou não que houve emergência para contratação da obra, uma vez que não haveria interrupção do tráfego próximo ao trevo.


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