|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FIM DE CASAMENTO
Roseana presidiu reunião que aprovou projetos suspeitos
Procuradores vêem ligação
entre Sudam e paraíso fiscal
LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS
Pelo menos dois projetos aprovados na reunião do Condel
(Conselho Deliberativo da Sudam) presidida pela governadora
Roseana Sarney (PFL-MA), em 14
de dezembro de 1999, têm como
acionistas pessoas que têm vínculos com empresas "offshore"
(com sede em paraíso fiscal) nas
Ilhas Virgens britânicas.
A ligação foi encontrada em
cruzamento de dados feito pelo
Ministério Público Federal no Tocantins. Os projetos são Aluminium Anodizing e Companhia do
Couro, que receberam R$ 2 milhões cada um.
Na reunião, foram aprovados
sete projetos destinados ao Maranhão, entre eles o Usimar Componentes Automotivos, que recebeu R$ 44 milhões da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
AC Rebouças
Seis dos projetos tinham projeto
técnico do escritório AC Rebouças, de Aldenor Cunha Rebouças,
incluindo Aluminium Anodizing,
Companhia do Couro e Usimar
Componentes Automotivos. Busca feita no escritório de Rebouças
em 2001 encontrou documentos
sobre a criação das "offshore".
A Aluminium é controlada pela
Aluminex do Brasil, que tem como sócios Antônio Rodrigues
Costa e Carlos Antônio Correia
Costa. Os dois são procuradores
das "offshore" Greenwich Bussines e Newclare Finance.
São sócios da Companhia do
Couro a Construtora Coral, Maria
das Dores da Silva, Sílvia Vaz Rosa, Carlos Antônio Correia Costa
(o mesmo da Aluminium) e Pablo
Zarthur Caffé da Cunha Rebouças, filho de Aldenor Rebouças.
Maria das Dores é procuradora
da "offshore" Fedar Assets; Sílvia
Vaz Rosa é sócia da Garcês Tradding Corp.; Zarthur é conselheiro,
com direito a voto, da AC 2020
Administração e Participações,
que tinha procuração para gerenciar as seis "offshore".
A AC 2020 tinha como presidente Aldenor Rebouças. Rebouças foi também o responsável técnico pelo projeto Nova Holanda,
que tem como controladora a empresa Agrima. O Ministério Público Federal investiga se a empresa
Lunus, de Roseana e Jorge Murad,
que foi sócia da Agrima entre 93 e
94, ainda tem ligações com a controladora do Nova Holanda.
Os documentos encontrados na
AC Rebouças foram usados pelo
Ministério Público para justificar
o mandado de busca e apreensão
no escritório da Lunus no último
dia 1º, que acabou levando o PFL a
romper a aliança com o governo
Fernando Henrique Cardoso.
O cruzamento da dados sugere
que a intenção do esquema seria
escoar o dinheiro liberado pela
Sudam para o paraíso fiscal. Ainda não foi possível descobrir se
parte do dinheiro chegou a ser depositado no exterior.
O Ministério Público apurou
outras ligações. Sílvia Vaz, Maria
das Dores e Zarthur eram sócios
da AC Rebouças e Consultores.
Outro projeto, a Alusa Alumínio
Utilidades, que recebeu R$ 4,3 milhões, tinha como sócio Zarthur.
João Conrado Amorim, sócio da
Alusa, é procurador da "offshore"
Carney Holding.
Texto Anterior: STJ recebe papéis apreendidos na Lunus para apreciação de Brindeiro Próximo Texto: Outro lado: Governadora diz ter seguido votos dos conselheiros Índice
|