São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2002

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FIM DE CASAMENTO

Roseana presidiu reunião que aprovou projetos suspeitos

Procuradores vêem ligação entre Sudam e paraíso fiscal

LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS

Pelo menos dois projetos aprovados na reunião do Condel (Conselho Deliberativo da Sudam) presidida pela governadora Roseana Sarney (PFL-MA), em 14 de dezembro de 1999, têm como acionistas pessoas que têm vínculos com empresas "offshore" (com sede em paraíso fiscal) nas Ilhas Virgens britânicas.
A ligação foi encontrada em cruzamento de dados feito pelo Ministério Público Federal no Tocantins. Os projetos são Aluminium Anodizing e Companhia do Couro, que receberam R$ 2 milhões cada um.
Na reunião, foram aprovados sete projetos destinados ao Maranhão, entre eles o Usimar Componentes Automotivos, que recebeu R$ 44 milhões da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

AC Rebouças
Seis dos projetos tinham projeto técnico do escritório AC Rebouças, de Aldenor Cunha Rebouças, incluindo Aluminium Anodizing, Companhia do Couro e Usimar Componentes Automotivos. Busca feita no escritório de Rebouças em 2001 encontrou documentos sobre a criação das "offshore".
A Aluminium é controlada pela Aluminex do Brasil, que tem como sócios Antônio Rodrigues Costa e Carlos Antônio Correia Costa. Os dois são procuradores das "offshore" Greenwich Bussines e Newclare Finance.
São sócios da Companhia do Couro a Construtora Coral, Maria das Dores da Silva, Sílvia Vaz Rosa, Carlos Antônio Correia Costa (o mesmo da Aluminium) e Pablo Zarthur Caffé da Cunha Rebouças, filho de Aldenor Rebouças.
Maria das Dores é procuradora da "offshore" Fedar Assets; Sílvia Vaz Rosa é sócia da Garcês Tradding Corp.; Zarthur é conselheiro, com direito a voto, da AC 2020 Administração e Participações, que tinha procuração para gerenciar as seis "offshore".
A AC 2020 tinha como presidente Aldenor Rebouças. Rebouças foi também o responsável técnico pelo projeto Nova Holanda, que tem como controladora a empresa Agrima. O Ministério Público Federal investiga se a empresa Lunus, de Roseana e Jorge Murad, que foi sócia da Agrima entre 93 e 94, ainda tem ligações com a controladora do Nova Holanda.
Os documentos encontrados na AC Rebouças foram usados pelo Ministério Público para justificar o mandado de busca e apreensão no escritório da Lunus no último dia 1º, que acabou levando o PFL a romper a aliança com o governo Fernando Henrique Cardoso.
O cruzamento da dados sugere que a intenção do esquema seria escoar o dinheiro liberado pela Sudam para o paraíso fiscal. Ainda não foi possível descobrir se parte do dinheiro chegou a ser depositado no exterior.
O Ministério Público apurou outras ligações. Sílvia Vaz, Maria das Dores e Zarthur eram sócios da AC Rebouças e Consultores. Outro projeto, a Alusa Alumínio Utilidades, que recebeu R$ 4,3 milhões, tinha como sócio Zarthur. João Conrado Amorim, sócio da Alusa, é procurador da "offshore" Carney Holding.



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