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Sócio da Lunus tem negócio suspeito
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS
DO PAINEL
Sócio da governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA) na Lunus, o engenheiro civil
Severino Francisco Cabral é dono
de uma empresa que está envolvida em pelo menos dois negócios
suspeitos no Maranhão.
O primeiro é a realização de
obras no fracassado projeto de
criação de um pólo de confecções
em Rosário (70 km de São Luís) e
o segundo, a construção de um
prédio que não consta nos registros dos cartórios de imóveis da
capital maranhense.
A empresa é a Pleno, Planejamento, Engenharia e Obras Ltda.,
da qual Cabral é controlador.
Apesar de ser sócio minoritário
da Lunus -na qual conta com a
participação de Roseana (sócia
majoritária) e do marido dela,
Jorge Murad-, é Cabral quem
responde pela empresa.
Documentos e equipamentos
da Lunus foram apreendidos no
dia 1º por suspeita de a empresa
ter participação em esquema de
desvios de recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
O Pólo Industrial de Confecções
de Rosário começou a ser montado em 96, no primeiro mandato
de Roseana. Foi financiado com
recursos do governo do Estado,
por meio de incentivos fiscais, e
empréstimos a fundo perdido do
Banco Mundial e do Banco do
Nordeste do Brasil.
Objetivo
Segundo o Ministério Público
Federal, o projeto consumiu R$
7,5 milhões, mas não atingiu o objetivo de criar 4.300 empregos.
O Ministério Público denunciou o empresário escolhido pelo
governo do Maranhão para tocar
o projeto, o chinês naturalizado
brasileiro Chai Kwo Chheng, classificando o pólo como "monumental fraude".
Chheng subcontratou a Pleno
para a construção de galpões. Preso em dezembro, o empresário,
acusado de estelionato, fraude e
formação de quadrilha, foi solto
dias depois. O processo está no
Superior Tribunal de Justiça.
O pólo industrial foi inaugurado em 96 por Roseana, com a presença do presidente Fernando
Henrique Cardoso. Segundo denúncia da oposição, a Pleno obteve pelo menos R$ 1 milhão para
erguer os galpões.
Logo após as denúncias, segundo com o deputado estadual oposicionista Aderson Lago (PSDB-MA), a empreiteira publicou nota
oficial na imprensa afirmando
que deixaria de trabalhar no pólo.
Imóvel sem registro
O outro empreendimento suspeito tem 15 andares e vista para o
mar no bairro da Ponta D'Areia.
Os apartamentos estão todos vendidos e devem ser entregues até
junho. Mas o imóvel não existe
oficialmente em nenhum cartório
de imóveis da cidade.
Nas placas fixadas em frente à
obra, Cabral é apontado como engenheiro responsável. Mas a
construção é feita pela Sucesso,
empreiteira de aliados da governadora e indicada como sócia de
Murad em outros negócios.
Na imobiliária Francisco Rocha,
os clientes são convidados a esperar um novo lançamento da Pleno, previsto para junho. A Francisco Rocha foi a responsável pela
venda de chalés de uma empresa
de Murad e Cabral. O dinheiro recebido no negócio foi uma das explicações apresentadas para o R$
1,34 milhão encontrado na Lunus.
(RANIER BRAGON, ANDRÉA MICHAEL e RUBENS VALENTE)
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