São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2002

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Sócio da Lunus tem negócio suspeito

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS DO PAINEL

Sócio da governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA) na Lunus, o engenheiro civil Severino Francisco Cabral é dono de uma empresa que está envolvida em pelo menos dois negócios suspeitos no Maranhão.
O primeiro é a realização de obras no fracassado projeto de criação de um pólo de confecções em Rosário (70 km de São Luís) e o segundo, a construção de um prédio que não consta nos registros dos cartórios de imóveis da capital maranhense.
A empresa é a Pleno, Planejamento, Engenharia e Obras Ltda., da qual Cabral é controlador. Apesar de ser sócio minoritário da Lunus -na qual conta com a participação de Roseana (sócia majoritária) e do marido dela, Jorge Murad-, é Cabral quem responde pela empresa.
Documentos e equipamentos da Lunus foram apreendidos no dia 1º por suspeita de a empresa ter participação em esquema de desvios de recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
O Pólo Industrial de Confecções de Rosário começou a ser montado em 96, no primeiro mandato de Roseana. Foi financiado com recursos do governo do Estado, por meio de incentivos fiscais, e empréstimos a fundo perdido do Banco Mundial e do Banco do Nordeste do Brasil.

Objetivo
Segundo o Ministério Público Federal, o projeto consumiu R$ 7,5 milhões, mas não atingiu o objetivo de criar 4.300 empregos.
O Ministério Público denunciou o empresário escolhido pelo governo do Maranhão para tocar o projeto, o chinês naturalizado brasileiro Chai Kwo Chheng, classificando o pólo como "monumental fraude".
Chheng subcontratou a Pleno para a construção de galpões. Preso em dezembro, o empresário, acusado de estelionato, fraude e formação de quadrilha, foi solto dias depois. O processo está no Superior Tribunal de Justiça.
O pólo industrial foi inaugurado em 96 por Roseana, com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo denúncia da oposição, a Pleno obteve pelo menos R$ 1 milhão para erguer os galpões.
Logo após as denúncias, segundo com o deputado estadual oposicionista Aderson Lago (PSDB-MA), a empreiteira publicou nota oficial na imprensa afirmando que deixaria de trabalhar no pólo.

Imóvel sem registro
O outro empreendimento suspeito tem 15 andares e vista para o mar no bairro da Ponta D'Areia. Os apartamentos estão todos vendidos e devem ser entregues até junho. Mas o imóvel não existe oficialmente em nenhum cartório de imóveis da cidade.
Nas placas fixadas em frente à obra, Cabral é apontado como engenheiro responsável. Mas a construção é feita pela Sucesso, empreiteira de aliados da governadora e indicada como sócia de Murad em outros negócios.
Na imobiliária Francisco Rocha, os clientes são convidados a esperar um novo lançamento da Pleno, previsto para junho. A Francisco Rocha foi a responsável pela venda de chalés de uma empresa de Murad e Cabral. O dinheiro recebido no negócio foi uma das explicações apresentadas para o R$ 1,34 milhão encontrado na Lunus. (RANIER BRAGON, ANDRÉA MICHAEL e RUBENS VALENTE)


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