DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALAMBARI (SP)

Um bate-boca público entre o secretário de Justiça de São Paulo, Alexandre de Moraes, e o líder sem-terra Delwek Matheus (direção nacional do MST) marcou ontem o término de uma reunião de mais de três horas na qual foi discutida pauta de 21 reivindicações dos sem-terra ao governo.
O MST deixou o encontro dizendo que "é claro" que as invasões no Estado vão continuar.
O foco da discussão, porém, foi a desocupação da fazenda Santa Isabel, em Alambari (SP), invadida por 300 sem-terra há dez dias.
O mandado para reintegração de posse foi expedido na semana passada. Ao final da reunião, o líder do MST disse aos jornalistas que, segundo o que fora acordado, a desocupação só ocorreria quando o governo do Estado ou o Incra conseguissem outra área para encaminhar os sem-terra.
A outros jornalistas, no mesmo momento, o secretário dizia que só havia duas possibilidades: a Justiça poderia prorrogar a permanência dos sem-terra ou o mandado de reintegração seria cumprido na sexta pela PM.
Quando soube das afirmações de Matheus, o secretário se dirigiu a ele e interrompeu abruptamente a entrevista: "Delwek, é sexta-feira e está na ata. Se você falar que nós não firmamos [o acordo], a reintegração de posse será cumprida hoje [ontem]. Não é possível que você desminta o que 40 pessoas assistiram."
"Não tratamos de sexta. Vamos unir esforços para ampliar o prazo e arrumar uma área para transferir as famílias", retrucou Matheus. Sem acordo, a discussão continuou por dez minutos.
O advogado dos proprietários da fazenda ameaçou pedir a intervenção federal em SP se a PM não cumprir já o mandado de reintegração de posse. (EDUARDO SCOLESE E ALESSANDRA KORMANN)


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