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Falta de consenso adia votação de proposta sobre BC
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No primeiro dia "para valer" de
funcionamento da Câmara dos
Deputados, o governo federal não
conseguiu acordo com a oposição
nem consenso na base de apoio
para apresentar os projetos de seu
interesse e limpar a pauta de votações, que está obstruída por uma
medida provisória não analisada
no prazo previsto. O resultado foi
que nada foi à votação e não há
garantia de que irá hoje.
Divulgado nos últimos dias como uma prioridade do governo
para esta semana, a Proposta de
Emenda à Constituição que facilita a discussão sobre a autonomia
do Banco Central não foi apresentada ontem, como previsto, devido a resistências criadas dentro
do próprio PT. De autoria do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), a PEC altera o artigo 192 da
Constituição, que trata do sistema
financeiro, possibilitando que assuntos como a autonomia do BC
sejam tratados isoladamente.
Virgílio teve que ceder à pressão
da ala petista que é contrária à política econômica do governo e,
por consequência, à autonomia
do banco. Esses parlamentares
-que são liderados, entre outros,
pela senadora Heloísa Helena
(PT-AL)- defendem que a PEC
seja debatida com a bancada e que
só seja apresentada após encontrado um consenso. Eles afirmam
acreditar que a maioria dos parlamentares do PT é contra a idéia.
"A gente tem que saber o momento em que vai votar isso", disse o presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), que procurou minimizar o recuo afirmando
que a retirada da discussão da
pauta ocorreu devido ao grande
número de projetos.
Hoje, há uma série de reuniões
marcadas pelo governo para tentar fazer valer sua vontade na Câmara. A bancada do PT se reúne à
tarde para tentar chegar a um
acordo sobre a PEC do BC. A proposta encontra resistência mesmo
dentro de setores da chamada ala
moderada, que é majoritária.
A poucos metros dali, na Casa
Civil, o ministro José Dirceu reúne representantes dos partidos
aliados e de oposição para tentar
fechar um acordo sobre a reabertura de programa de regularização para empresas em débito com
a União e outros pontos fiscais.
A proposta da oposição -que
condiciona o apoio no plenário a
um acordo satisfatório- colide
com a posição da Receita Federal,
que teme perda de arrecadação.
Na Câmara, a liderança do governo também se reúne com a
oposição para tentar fechar o
acordo que permita o destrancamento da pauta. A MP em questão é a 79, que trata de regulamentação na área esportiva.
Prevista para ser votada ontem,
ela barrou os trabalhos em plenário devido ao fato de o governo
não ter concordado com parte do
relatório do deputado Gervásio
Silva (PFL-SC), incluindo a pressão da chamada bancada da bola
para que os bingos sejam regulamentados pela MP.
Segundo o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Casa, a intenção do Planalto
é chegar no início da tarde de hoje
com uma definição dos pontos de
consenso e de discórdia e, mesmo
sem entendimento, levar a questão ao voto.
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