|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO SILVEIRINHA
Próximos a depor ocupavam cargos de chefia quando principal suspeito já não fazia parte do comando da Fazenda
CPI "esquece" Garotinho e foca gestão Benedita
MURILO FIUZA DE MELO
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Criada em função do escândalo
do "propinoduto" envolvendo
fiscais da Secretaria de Fazenda
do Rio durante o governo Anthony Garotinho (1999 a abril de
2002), a CPI da Assembléia Legislativa está perdendo o foco inicial.
A maioria dos nove deputados
da comissão pertence à base aliada da governadora Rosinha Matheus (PSB), mulher de Garotinho
-até agora preservado nas investigações. A CPI derrubou um requerimento para convocar o ex-governador, embora ele tenha sido citado em vários depoimentos.
Nesta semana e na próxima, a
CPI ouvirá pessoas que ocuparam
cargos de chefia na gestão de Benedita da Silva (PT), que ficou no
governo entre abril e dezembro
de 2002 -período em que o fiscal
Rodrigo Silveirinha Corrêa, acusado de comandar o esquema de
corrupção, já não fazia parte do
comando da Fazenda.
Na lista de depoimentos, foram
chamados nove pessoas do governo Benedita e apenas cinco do de
Garotinho. Desde que iniciou os
trabalhos de investigação, em 4 de
fevereiro, a CPI ouviu 38 pessoas.
Segundo o deputado Carlos
Minc (PT), a lista de pedidos de
quebra de sigilos bancário, fiscal e
telefônico aprovados pela CPI
atingem 20 integrantes do governo Benedita e seis da gestão Garotinho. Minc reclamou com o presidente da comissão, Paulo Melo
(PMDB), e o presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB),
que prometeram modificar a lista.
"Não queremos cordão de segurança em torno da Benedita, mas
não podemos permitir que se desvie o foco, porque daqui a pouco a
CPI do Silveirinha vai virar a CPI
da Benedita", disse Minc.
Melo rebateu a crítica. Segundo
ele, a CPI foi montada para apurar
casos de corrupção na Fazenda de
1999 até hoje. "Estamos investigando a conduta funcional de fiscais, e não o governador A ou B."
Antes de assumir a presidência
da comissão, Melo chegou a dizer,
em entrevista à Folha, que a CPI
iria "acrescentar pouco" às investigações do caso que vêm sendo
feitas pelo Ministério Público Federal. Ontem, a comissão cogitou
a possibilidade de convocar Benedita para depor, mas não decidiu.
Ontem, o fiscal Raul Tardin,
suspeito de participar de um esquema de extorsão à Light, em
1999, chorou ao falar de seu afastamento da Inspetoria de Grande
Porte após ter aparecido em fitas
gravadas pela empresa.
Tardin alegou que nas fitas gravadas pela Light ele aparece apenas falando sobre os detalhes técnicos da fiscalização.
Depuseram ontem também o
ex-presidente da Junta de Revisão
Fiscal na gestão Benedita, Alfredo
de Souza Plácido, e Vanderley
Guedes, ex-assessor tributário da
Light. Plácido disse não se lembrar do cancelamento de 58 autos
de infração contra a rede de supermercados Carrefour, durante
a sua gestão, no valor de R$ 3,4
milhões.
Colaborou FERNANDO MAGALHÃES, free-lance para a Folha
Texto Anterior: STF investigará presidente de conselho Próximo Texto: Comissão deve apurar anistia de três multas Índice
|