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"MENSALÃO"/ NOVAS CONEXÕES
Tony Garcia diz à "Veja" que Bertholdo recebia dinheiro do PT e o distribuía em sala ao lado da liderança do PMDB na Câmara
Sócio de ex-assessor do PMDB reafirma "mensalão" do partido
DA REDAÇÃO
A revista "Veja" desta semana
traz uma entrevista com o empresário Antônio Celso Garcia, sócio
informal do advogado Roberto
Bertholdo, preso há quatro meses
no Paraná e apontado como responsável pela distribuição de uma
mesada a deputados do PMDB.
Na entrevista, Tony Garcia, que
também esteve preso por 81 dias
devido a um processo por fraude
em consórcio, diz que Bertholdo
tinha reuniões quase todas as semanas com três dirigentes do PT
na época -Delúbio Soares, Marcelo Sereno e Silvio Pereira. Ele
também mantinha contatos com
o então ministro José Dirceu.
Nesses encontros, Bertholdo recebia dinheiro em espécie e viajava para Brasília, onde distribuía a
mesada a "mais de 50 deputados
do PMDB". Ainda segundo a entrevista publicada pela revista
"Veja", entre 2003 e 2004 Bertholdo viajou a Luxemburgo, um paraíso fiscal na Europa, onde teria
ajudado a operar contas do PT.
De acordo com Garcia, Bertholdo teria lhe dito que tinha "encontros semanais com as pessoas que
operavam essas coisas com o
PMDB", quais sejam, "Delúbio
Soares, Silvio Pereira e Marcelo
Sereno". Segundo Garcia, Bertholdo nunca falou de Marcos Valério de Souza: "O Valério não era
fonte dele. Ele dizia que a fonte
dele era mesmo a direção do PT".
Os encontros com os petistas,
segundo Garcia, ocorriam em
"escritórios ou hotéis. O Meliá era
um deles. O escritório era o de Silvio Pereira". As reuniões eram
quase sempre às segundas-feiras e
serviam ainda para discutir indicações políticas para o governo.
"Ele dizia que pegava o dinheiro,
em espécie, em São Paulo, e depois o transportava a Brasília em
jatos particulares ou alugados.
Voava pessoalmente com dinheiro vivo. Muitas dessas vezes estava acompanhado do assessor,
Guilherme Wolf. O Bertholdo
nunca andava com menos de 50
mil, 100 mil reais em dinheiro. Ele
falava que era para fazer coisas
eventuais, atender um ou outro".
Ainda segundo a revista, Bertholdo teria deixado claro que
atendia "mais de 50 deputados do
PMDB. Mas ele nunca falou em
nomes e eu nunca perguntei".
Conforme Garcia, "cada deputado tinha um preço. Havia uns que
custavam 10 mil, outros que custavam 20 mil, outros 100 mil, outros 200 mil... Que dependia do
grau de importância do deputado
e das matérias a ser votadas".
Garcia diz que o dinheiro era
entregue aos políticos "numa sala
ao lado da liderança do PMDB na
Câmara, quase sempre à noite. Ou
então numa casa que ele alugou
no Lago Sul e onde fazia festas para membros do PMDB, do PT,
ministros... Ele dizia que houve
festa até com a presença do presidente da República".
O empresário declarou à "Veja"
que Bertholdo nunca citou quem
eram os beneficiados pelo "mensalão", mas que era fácil descobrir: "Basta ver quem eram os deputados do PMDB que votavam
com o governo".
Segundo a revista, Bertholdo teria dito "que levantou 8 milhões
de reais junto ao PT para fazer do
José Borba líder do PMDB, por
exemplo. E tempos depois, quando a turma do Anthony Garotinho destituiu o Borba, ele me disse que gastou outros 6 milhões de
reais pagando a deputados do
partido para o Borba voltar a ser
líder". Ele citou também o caso do
apresentador Carlos Massa, o Ratinho: "Bertholdo me contou uma
vez que, junto com o Delúbio estava negociando o apoio do Ratinho ao governo. Depois de um
tempo, numa conversa ao telefone, ele me disse o seguinte: "Lembra do negócio do Ratinho? Já deu
certo. Está fechado... Prestei o
maior serviço ao presidente'".
Segundo ele, parte do dinheiro
do PMDB vinha de empreiteiros
com contratos com Itaipu.
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