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Pesquisa aponta que maioria dos eleitores aprova reeleição
Levantamento mostra que só 19% apóiam o fim da regra, elevando os anos do mandatos
Dados são da Fundação Perseu Abramo, criada pelo PT; 22% não souberam dizer qual é a reforma que é mais importante hoje para o país
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apenas 19% dos eleitores
brasileiros apóiam a idéia de
acabar com a reeleição para
cargos executivos, aumentando os mandatos para cinco ou
seis anos, sem possibilidade de
os políticos disputarem dois
mandatos seguidos.
O apoio ao fim da reeleição
sobe para 25% quando a proposta é apenas para acabar com
a regra, mas deixando os mandatos de presidente, governadores e prefeitos nos atuais
quatro anos. Uma maioria de
52%, entretanto, prefere manter tudo como está, permitindo
aos governantes se recandidatar uma vez ao final de seus primeiros mandatos. Outros 5%
não têm opinião a respeito.
As descobertas fazem parte
de uma extensa pesquisa de
opinião nacional realizada pela
Fundação Perseu Abramo, entidade criada pelo PT.
A pesquisa demonstra que os
eleitores pensam de maneira
diversa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um grande defensor do fim da reeleição. Apesar de ter usufruído do direito
de se reeleger, o petista sempre
que pode critica a regra.
O resultado da pesquisa é
também um revés para o PT,
que enxerga na mudança da regra uma chance de retornar
com mais rapidez ao poder. Os
petistas avaliam ser real a hipótese de perderem a disputa pelo
Palácio do Planalto em 2010.
É que nesse ano Lula estará
impedido de disputar um terceiro mandato -e a legenda
não tem nenhum sucessor à
vista com condições claras de
vitória. Se o fim da reeleição
fosse aprovado, ficaria mais fácil tentar o retorno quatro ou
cinco anos depois.
A reeleição foi criada em
1997 por meio de uma emenda
constitucional. Favoreceu diretamente o tucano Fernando
Henrique Cardoso, presidente
à época -e reeleito em 1998.
Agora, o fim da regra passou a
ser defendido por políticos do
PSDB interessados em se candidatar a presidente em 2010,
como os governadores José
Serra e Aécio Neves.
A pesquisa da Fundação Perseu Abramo foi realizada no final do ano passado, nos dias 24
a 27 de novembro. Foram entrevistadas 2.400 pessoas com
16 anos ou mais em 153 cidades
de 25 unidades da Federação.
A margem de erro é de dois
pontos percentuais para os resultados principais (e de três
pontos para as amostragens estratificadas). A coordenação
geral do trabalho foi de Gustavo
Venturi e Marisol Recamán.
O levantamento averiguou as
opiniões dos brasileiros sobre
várias reformas em debate no
Congresso, sobretudo as mudanças na área político-eleitoral. Do ponto de vista geral, o
eleitor tem pouca opinião formada sobre qual reforma seria
a mais importante para o país.
Numa pergunta aberta, sem
estimulação de resposta, nenhuma reforma estrutural é
mencionada por mais de 10%
dos entrevistados. O item mais
citado é referente à "criação de
empregos" (10%) ou "reforma
trabalhista" (5%).
Segundo Gustavo Venturi,
possivelmente as pessoas que
vocalizaram essas duas opções
"desejam mudanças que possam aumentar o mercado de
trabalho, e não simplesmente a
"reforma trabalhista" como
muitas vezes esse tema é debatido no Congresso".
Um fato a corroborar o entendimento de Venturi é o fato
de a "reforma trabalhista",
quando a pergunta tem as respostas estimuladas, ter recebido 38% de menções sobre qual
seria a reforma a ser priorizada
por Lula e pelo Congresso.
Mas 22% dos entrevistados
não souberam dizer qual reforma seria a mais importante hoje para o país. Só 4% mencionaram a reforma política nesse tipo de questionamento.
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