São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2007

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Pesquisa aponta que maioria dos eleitores aprova reeleição

Levantamento mostra que só 19% apóiam o fim da regra, elevando os anos do mandatos

Dados são da Fundação Perseu Abramo, criada pelo PT; 22% não souberam dizer qual é a reforma que é mais importante hoje para o país

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apenas 19% dos eleitores brasileiros apóiam a idéia de acabar com a reeleição para cargos executivos, aumentando os mandatos para cinco ou seis anos, sem possibilidade de os políticos disputarem dois mandatos seguidos.
O apoio ao fim da reeleição sobe para 25% quando a proposta é apenas para acabar com a regra, mas deixando os mandatos de presidente, governadores e prefeitos nos atuais quatro anos. Uma maioria de 52%, entretanto, prefere manter tudo como está, permitindo aos governantes se recandidatar uma vez ao final de seus primeiros mandatos. Outros 5% não têm opinião a respeito.
As descobertas fazem parte de uma extensa pesquisa de opinião nacional realizada pela Fundação Perseu Abramo, entidade criada pelo PT.
A pesquisa demonstra que os eleitores pensam de maneira diversa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um grande defensor do fim da reeleição. Apesar de ter usufruído do direito de se reeleger, o petista sempre que pode critica a regra.
O resultado da pesquisa é também um revés para o PT, que enxerga na mudança da regra uma chance de retornar com mais rapidez ao poder. Os petistas avaliam ser real a hipótese de perderem a disputa pelo Palácio do Planalto em 2010.
É que nesse ano Lula estará impedido de disputar um terceiro mandato -e a legenda não tem nenhum sucessor à vista com condições claras de vitória. Se o fim da reeleição fosse aprovado, ficaria mais fácil tentar o retorno quatro ou cinco anos depois.
A reeleição foi criada em 1997 por meio de uma emenda constitucional. Favoreceu diretamente o tucano Fernando Henrique Cardoso, presidente à época -e reeleito em 1998. Agora, o fim da regra passou a ser defendido por políticos do PSDB interessados em se candidatar a presidente em 2010, como os governadores José Serra e Aécio Neves.
A pesquisa da Fundação Perseu Abramo foi realizada no final do ano passado, nos dias 24 a 27 de novembro. Foram entrevistadas 2.400 pessoas com 16 anos ou mais em 153 cidades de 25 unidades da Federação.
A margem de erro é de dois pontos percentuais para os resultados principais (e de três pontos para as amostragens estratificadas). A coordenação geral do trabalho foi de Gustavo Venturi e Marisol Recamán.
O levantamento averiguou as opiniões dos brasileiros sobre várias reformas em debate no Congresso, sobretudo as mudanças na área político-eleitoral. Do ponto de vista geral, o eleitor tem pouca opinião formada sobre qual reforma seria a mais importante para o país.
Numa pergunta aberta, sem estimulação de resposta, nenhuma reforma estrutural é mencionada por mais de 10% dos entrevistados. O item mais citado é referente à "criação de empregos" (10%) ou "reforma trabalhista" (5%).
Segundo Gustavo Venturi, possivelmente as pessoas que vocalizaram essas duas opções "desejam mudanças que possam aumentar o mercado de trabalho, e não simplesmente a "reforma trabalhista" como muitas vezes esse tema é debatido no Congresso".
Um fato a corroborar o entendimento de Venturi é o fato de a "reforma trabalhista", quando a pergunta tem as respostas estimuladas, ter recebido 38% de menções sobre qual seria a reforma a ser priorizada por Lula e pelo Congresso.
Mas 22% dos entrevistados não souberam dizer qual reforma seria a mais importante hoje para o país. Só 4% mencionaram a reforma política nesse tipo de questionamento.


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