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Dilma e Serra defendem as mesmas receitas para crise
Potenciais candidatos em 2010, petista e tucano pedem corte de juros e mais investimento
Em evento em São Bernardo, ambos ouviram gritos de "presidente" e falaram dos principais programas dos governos federal e estadual
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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O governador José Serra cumprimenta a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff em seminário ontem em São Bernardo do Campo
FERNANDO BARROS DE MELLO
JOSE ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após a divulgação da
queda de 3,6% do PIB brasileiro no último trimestre de 2008,
os dois principais pré-candidatos à Presidência pregaram, lado a lado, uma receita parecida
contra a crise econômica: diminuir a taxa de juros e aumentar
os investimentos públicos.
Em evento em São Bernardo
do Campo, a ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff (PT), foi
aplaudida ao dizer que a crise
econômica "é uma oportunidade única para o Brasil passar a
ter juros civilizados". "Nós iremos baixar os juros básicos e
iremos pelo menos criar uma
referência para os "spreads" [diferença entre a taxa que o banco paga e a que repassa ao cliente] no Brasil", disse Dilma, que
discursou por cerca de 40 minutos, afirmando que a crise é
"sistêmica" e de "trilhões".
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), disse que o
Brasil tem a maior taxa de juros
do mundo e que a redução da
taxa básica deveria ter sido
adotada há seis meses, quando
os efeitos da crise começaram a
atingir a economia interna.
Após o evento, eles foram
juntos até o Palácio dos Bandeirantes. Na saída do encontro,
Serra disse que a política eleitoral deve ficar em segundo plano
em tempos de crise. "Trocamos
idéias gerais sobre economia.
Não cotejei [se há mais convergências que divergências]. Ela
sabe o que eu penso e viu o que
falei durante a palestra. Eleição
no Brasil está sendo tratada de
maneira muito prematura."
Segundo o governador, seria
ruim se os nomes colocados na
pré-campanha tentassem "faturar eleitoralmente": "A gente
tem de trabalhar para enfrentar a crise. São Paulo é um Estado grande, complexo. Não dá
tempo de governar e fazer campanha. Eu escolho governar".
Em São Bernardo, Dilma e
Serra ouviram gritos de "presidente". Ambos falaram de carros chefes dos governos federal
e estadual. Ela citou o PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), prometeu bilhões em crédito para financiar
obras de saneamento, repetiu a
proposta de construir 1 milhão
de moradias até 2010 e anunciou projeto de R$ 4 bilhões para obras de drenagem.
Ele citou a Nossa Caixa Desenvolvimento, falou de investimentos em estradas, compra
de tratores para agricultores e
de abertura de escolas e faculdades técnicas. Sobre o Rodoanel, disse que "não só estamos
mantendo investimento como
acelerando". Foi aplaudido. Citou ainda "grande investimento" no metrô e na CPTM.
Os dois fizeram elogios ao
Bolsa Família e falaram da importância do mercado interno.
Dilma citou uma "nova classe
média", formada por pessoas
que deixaram as classes D e E.
Ainda no aspecto econômico,
os dois presidenciáveis trocaram alfinetadas sobre as gestões FHC e Lula. Sob aplauso
de uma plateia com muitos sindicalistas, Dilma lembrou o
apagão energético sob FHC, dizendo que faltou investimento
em infraestrutura, e disse que,
no passado, "diante de uma crise financeira o governo quebrava porque era parte da crise".
Segundo ela, "hoje é parte da
solução". Ela disse que o governo recorria ao FMI, que tinha
um "receituário recessivo".
"Era proibido investir em infraestrutura, investir em saneamento, proibido reajustar o
salário mínimo e rede de proteção social nem pensar", disse
Dilma, segundo quem hoje Serra tem "uma capacidade de investimento invejável".
O tucano, que disse ter dado
"pitacos" sobre política econômica, propôs mudanças na lei
de concorrência e na questão
do endividamento de prefeituras e Estados. Fez elogios à gestão do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social), mas criticou a reação tardia do Banco Central.
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