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General deixa posto no Rio com elogios ao golpe militar de 1964
Último aspirante a oficial em 1964 a deixar a ativa, Luiz Cesário da Silveira Filho classificou episódio de "revolução democrática"
Comandante do Exército diz que general só manifestou seus "sentimentos"; Luiz Cesário também criticou a estratégia de Nelson Jobim
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Comandante substituído ontem do Comando Militar do
Leste, o general Luiz Cesário da
Silveira Filho despediu-se do
cargo com um discurso exaltando o golpe militar que depôs
o presidente João Goulart, em
1964, ao qual classificou de
"memorável acontecimento".
O general Rui Alves Catão assumiu ontem o CML, que
abrange as tropas no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo o general Enzo Peri, Cesário apenas "manifestou a participação dele como cadete": "É
o sentimento que tem. O movimento de 31 de março de 64
pertence à história".
Na presença do comandante
do Exército, Enzo Peri, Cesário
narrou sua participação na
"histórica operação cívico-militar": "Participei ativamente
da revolução democrática de 31
de março de 64, ocupando posição de combate no Vale do Paraíba". Então cadete do último
ano da Academia Militar das
Agulhas Negras, Cesário disse
ter atuado sob "a incontestável
liderança do general-de-brigada Emílio Garrastazu Médici,
de patriótica atuação posteriormente na Presidência".
Segundo o general, a ação dos
militares pode ser chamada de
"revolução democrática de 31
de março de 1964, por ter evitado o golpe preparado pelo governo de então contra as instituições democráticas do país".
Como último aspirante de
1964 a deixar o serviço ativo, ele
homenageou os colegas de turma e disse que "seus exemplos
serão lembrados". "Rendo minha homenagem àqueles que,
junto comigo, magnetizados
pela liderança de nosso comandante (...), não titubearam diante da possibilidade de verter
seu próprio sangue, (...) sem se
importar em sacrificar sua juventude e as esperanças em
prol do direito maior da pátria."
O ex-comandante do CML
citou trecho da ordem do dia
em que o general Emílio Médici
elogiou os cadetes: "Que, por isso, a história pátria lhes reserve
uma página consagradora (...).
Cadetes: pela história, atingis
os umbrais da glória."
Ele concluiu seu pronunciamento dizendo: "Não sou eu
que pertenço ao passado. O
passado é que me pertence".
Críticas a Jobim
Na solenidade, Cesário também afirmou que o Exército
hoje passa por "dias de inquietude e incerteza", numa referência crítica à Estratégia Nacional de Defesa elaborada pelos ministros Nelson Jobim
(Defesa) e Roberto Mangabeira
Unger (Assuntos Estratégicos)
para suprir as debilidades do
sistema de defesa brasileiro.
O general havia, em texto e
em reunião do Alto Comando
neste mês, qualificado de "utópica" a Estratégia Nacional de
Defesa, que segundo ele fortalece o Ministério da Defesa e
enfraquece as Forças Armadas.
Ontem, ele reforçou o ataque.
"Tenho levado minha preocupação ao Alto Comando do
Exército. Vivemos atualmente
dias de inquietude e incerteza.
(...) Tenho a convicção de que o
nosso Exército saberá, como
sempre, contornar tão graves
inquietações e continuará, a
despeito de qualquer decisão,
protegendo a nação do estrangeiro e de si mesma."
Desde o ano passado, o general também mantém no site do
CML mensagem de solidariedade a militares que se opuseram a "agitadores e terroristas
de armas na mão" -uma resposta à defesa do ministro da
Justiça, Tarso Genro, que defende a punição dos torturadores da ditadura militar.
Ele também se disse indignado com a concessão da patente
de coronel ao guerrilheiro da
VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) Carlos Lamarca,
a quem chamou de "assassino".
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