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Investigados no mensalão do DF movimentaram R$ 2,7 bi
Operações atípicas de dez envolvidos no esquema do DEM foram feitas de 2004 a 2009
A partir de relatórios do Coaf, estudo das transações dos últimos 6 anos pode ajudar a identificar origem e destino do dinheiro do esquema
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dez pessoas investigadas no
mensalão do DEM fizeram movimentações suspeitas de
R$ 2,7 bilhões entre junho de
2004 e 23 de dezembro de
2009, data do último relatório
do Coaf (Conselho de Controle
de Atividades Financeiras), ligado ao Ministério da Fazenda.
Já foram gerados 26 relatórios com registros de operações
consideradas atípicas, como saques em espécie acima de R$ 10
mil e transações superiores a
R$ 100 mil. Segundo o Coaf, as
movimentações foram feitas
em centenas de agências de diversas instituições financeiras.
A análise detalhada de saques, depósitos e transações
eletrônicas dos últimos seis
anos pode ajudar a identificar a
origem e o destino do dinheiro
usado no esquema de coleta e
distribuição de propina no Distrito Federal.
Para subsidiar as investigações, os documentos foram encaminhados à Polícia Federal,
ao Ministério Público Federal e
ao Superior Tribunal de Justiça, responsáveis pela Operação
Caixa de Pandora.
O trabalho de inteligência financeira indica que as movimentações suspeitas continuaram mesmo depois que a operação foi deflagrada, em 27 de
novembro passado. O último
relatório do Coaf é de 23 de dezembro e registrou R$ 240,4
milhões em operações atípicas.
Dois dias antes, a PF havia
apreendido documentos e um
computador na sede da ONG da
mulher do governador afastado
do DF, José Roberto Arruda
(sem partido), preso desde fevereiro acusado de subornar
uma testemunha do mensalão
do DEM e principal suspeito de
comandar o esquema.
Pessoas físicas e jurídicas, alvos da investigação, aparecem
nos relatórios do Coaf, que
também rastreia operações de
pessoas que mantêm ligações
com os suspeitos.
Ter o nome citado em relatórios do órgão responsável pelo
combate à lavagem de dinheiro
não significa, contudo, estar
envolvido com ilegalidades.
Ainda assim, todos os alvos do
Coaf são mantidos sob sigilo.
Análises mais antigas do órgão já subsidiaram outras investigações que envolvem políticos e empresários do DF, como Candango e Megabyte. Essas informações estão sendo
novamente contabilizadas.
O Coaf cruza dados novos e
antigos para identificar operações incompatíveis com rendimentos declarados à Receita.
Esses cruzamentos podem
ajudar os investigadores a descobrir se é lícita ou não a origem de R$ 625 mil apreendidos
nas casas de aliados de Arruda.
O maior montante foi encontrado na casa da deputada Eurides Brito (PMDB), filmada colocando dinheiro na bolsa. Ela
mantinha em casa cerca de R$
240 mil e US$ 9.000 que, de
acordo com a assessoria da deputada, estavam devidamente
declarados à Receita.
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