KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) aproveitou ontem uma palestra para agricultores sobre políticas de desenvolvimento regional para tecer duras críticas ao governo Lula. Entre outras coisas, afirmou que se preocupa porque as decisões sobre o futuro do Nordeste estão sendo tomadas por "60 sábios universitários arrogantes de São Paulo", em referência à composição do Conselho de Segurança Alimentar, em que não há nenhum nordestino.
"Uma experiência que deu certo no Ceará, o Projeto São José [de incentivo à agricultura familiar e instalação de infra-estrutura em áreas rurais", deu certo porque tem a participação direta da comunidade, que participa da tomada de decisões. Não é como os 60 sábios universitários arrogantes de São Paulo que nunca pisaram no nosso chão quente aqui do semi-árido dizendo como nossa comunidade deve fazer e como deve se organizar", afirmou o senador tucano.
A palestra foi dada durante o Irriga Ceará, evento que trata de projetos na área de agricultura irrigada promovido pelo governo do Estado, em Fortaleza.
Cerca de 2.500 pessoas, a maioria pequenos produtores rurais, estavam presentes no evento.
Ele chegou a elogiar Lula por ser nordestino -"é um grande homem"-, mas afirmou que o presidente ainda não conseguiu "transmitir esse sentimento". Tasso fez referência à ausência de nordestinos também no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social, em que, segundo ele, apenas 3 dos 82 integrantes são do Nordeste, nenhum do Ceará.
"A pobreza tem nome e endereço: Nordeste, área rural. E a pobreza do Nordeste não foi reconhecida nem pelo governo antigo nem pelo atual", disse. "Devia-se deixar de lado pequenas vaidades bobas e manter o que estava dando certo, podia até mudar o nome, para Fome Zero, até Fome Vinte, mas para que mudar o que tem de bom?"
Outro elogio feito pelo senador tucano foi ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. "O Palocci realmente está fazendo um trabalho muito bom, mas o resto do governo não disse ainda a que veio", afirmou. "O governo está parado, em termos de obras."
Tasso ressaltou as críticas durante uma entrevista, em que afirmou que, se o governo Lula tivesse apenas aprimorado o que já estava sendo feito por FHC, "com certeza nós teríamos uma efetividade desse programa cem vezes maior".


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