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Comissão acelerou julgamentos, diz presidente do órgão
Para advogado, "eventualmente" pode ter havido falha no pagamento "a quem não merecia", mas seriam casos isolados
Paulo Abrão, que assumiu
o cargo há um ano, afirma
que cidadãos "de boa-fé"
devem informar possíveis
irregularidades nas anistias
DO ENVIADO A BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Qualquer cidadão de boa-fé
tem o dever de nos informar
[possíveis irregularidades]",
afirmou Paulo Abrão Pires Júnior, presidente da Comissão
de Anistia, há um ano no cargo.
Em entrevista à Folha, ele defendeu as medidas que adotou
para acelerar os julgamentos.
Como a votação em bloco de
centenas de casos nas chamadas sessões temáticas.
"Em 2 e 3 de abril, julgamos
todos os processos do PNA
[Programa Nacional de Alfabetização]. Todos os professores
contratados pelo governo João
Goulart foram demitidos pela
ditadura", disse.
Dos 137 processos apreciados, 56 já eram aposentadorias
excepcionais, sem possibilidade de revogação. "Entendemos
que seria melhor pagar prestação única e não mensal", afirmou o advogado.
Abrão ressaltou que, dos
8.470 deferimentos em 2007,
mais de 7.200 são parciais, casos em que a comissão concedeu o título de anistiado político, mas não a reparação econômica. O mesmo, segundo ele,
ocorreu com um grupo de
8.072 vereadores que solicitou
a anistia. Para Pires Júnior, "a
declaração de anistiado é o elemento mais importante".
Abrão atribui a duplicação da
média de processos apreciados
ao aumento das sessões e do
número de conselheiros. "Conseguimos apreciar 10.228 requerimentos em sete meses de
trabalho em 2007", disse o advogado. Admitiu a possibilidade de que a comissão tenha
concedido alguma anistia a
quem não merecia.
"Por probabilidade matemática pode, eventualmente, em
um universo de 37 mil requerimentos apreciados ao longo de
sete anos de existência da comissão, ter havido algum que
não possuía o direito e tenha
recebido."
Diante das críticas sobre suposta falta de critérios de julgamento, Abrão acha que há desconhecimento sobre o trabalho
e "má-fé".
Abrão disse que tem cumprido recomendações do TCU
(Tribunal de Contas da União).
"Os dois primeiros foram julgados no final do ano passado. No
primeiro, determinou-se a revisão de mais de 300 processos
para buscar um erro de cálculo
que foi identificado e corrigido
em apenas dois casos. No segundo, o TCU determinou a revisão da prestação mensal de
uma requerente, ex-funcionária da [joalheria] H.Stern",
explica.
Ele reiterou que cada processo é estudado e instruído individualmente. Pedidos de documentação são feitos ao Arquivo
Nacional, STM (Superior Tribunal Militar), comissões estaduais e outros órgãos. Uma
análise de cada requerimento
determina quais são as diligências necessárias.
"Isso faz com que os processos tramitem com muita demora dentro da comissão. Tristemente, muitos cidadãos brasileiros chegam a falecer sem
receber pedido de perdão oficial do Estado brasileiro pelas
atrocidades cometidas contra
ele", alegou o advogado. De fato, apenas no final do ano passado julgou-se o processo de
número 1, requerido em 2001.
"Era uma situação inaceitável,
pois temos que promover justiça, mesmo que tardia."
(CDS E RV)
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