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Pressionado, vice-reitor da UnB diz que não vai se afastar do cargo
Reunião do órgão máximo da universidade é suspensa e será retomada na quarta
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Terminou em impasse a reunião do órgão máximo da Universidade de Brasília que tratou
ontem do afastamento do vice-reitor e dos decanos. O encontro do Conselho Universitário
foi suspenso até quarta-feira,
quando o tema volta à pauta.
O conselho se reuniu um dia
após o afastamento do reitor da
universidade, Timothy Mulholland, e no nono dia de invasão
da reitoria da UnB. Ontem, aumentou a pressão de professores e alunos para que toda a
atual gestão deixe os cargos.
Os estudantes prometem
continuar com a invasão. O vice-reitor e reitor interino, Edgar Mamiya, disse, no entanto,
que não pretende se afastar. "A
opção de afastamento ou não é
pessoal minha e do reitor."
O clima na universidade ficou tenso logo pela manhã,
quando cerca de mil alunos se
reuniram em ato pela saída de
Mamiya, em dia de paralisação
das aulas. Eles convocaram os
alunos dentro das salas. Houve
adesão expressiva. Um deles
vestia-se como o personagem
do filme "Borat".
Poucas horas depois, a reunião abriu espaço para o posicionamento de cada departamento da UnB, além de alunos
e professores. Os departamentos expuseram opiniões divergentes sobre a permanência do
vice-reitor. Prevaleceu, porém,
a proposta de pedir o afastamento de toda a atual gestão.
O conselho não tem poder
para destituir reitor, vice ou decanos. Pode, segundo o regimento interno, abrir procedimento administrativo e aprovar sugestão de afastamento.
Ao final da reunião, os estudantes perseguiram Mamiya
até seu carro e, na confusão, um
segurança acertou um soco nas
costas do fotógrafo Edson Gês,
do "Correio Braziliense".
No início da tarde, os estudantes queriam levar os jornalistas para a sala da reitoria, invadida. A Folha foi proibida de
subir por ter escrito em reportagem que, na primeira noite
de invasão, era possível sentir
cheiro de maconha no gabinete. Os demais veículos decidiram não subir.
Timothy foi acusado pelo
Ministério Público Federal de
ter usado irregularmente verba
de pesquisa para decoração do
apartamento funcional. A Procuradoria também investiga
Mamiya. Segundo o "Correio
Braziliense", ele teria pago 32
almoços e jantares com recursos que deveriam ter sido utilizados em pesquisas. Também
pesa contra o vice-reitor uma
viagem a Japão, Taiwan e Coréia do Sul, realizada por ele e
assessores no ano passado.
A viagem teria sido financiada com recursos de atendimento à saúde indígena. Ele disse
que não houve ilicitude no pagamento das refeições, mas
considerou indevido o pagamento das pessoas na viagem.
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