São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Pressionado, vice-reitor da UnB diz que não vai se afastar do cargo

Reunião do órgão máximo da universidade é suspensa e será retomada na quarta

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Terminou em impasse a reunião do órgão máximo da Universidade de Brasília que tratou ontem do afastamento do vice-reitor e dos decanos. O encontro do Conselho Universitário foi suspenso até quarta-feira, quando o tema volta à pauta.
O conselho se reuniu um dia após o afastamento do reitor da universidade, Timothy Mulholland, e no nono dia de invasão da reitoria da UnB. Ontem, aumentou a pressão de professores e alunos para que toda a atual gestão deixe os cargos.
Os estudantes prometem continuar com a invasão. O vice-reitor e reitor interino, Edgar Mamiya, disse, no entanto, que não pretende se afastar. "A opção de afastamento ou não é pessoal minha e do reitor."
O clima na universidade ficou tenso logo pela manhã, quando cerca de mil alunos se reuniram em ato pela saída de Mamiya, em dia de paralisação das aulas. Eles convocaram os alunos dentro das salas. Houve adesão expressiva. Um deles vestia-se como o personagem do filme "Borat".
Poucas horas depois, a reunião abriu espaço para o posicionamento de cada departamento da UnB, além de alunos e professores. Os departamentos expuseram opiniões divergentes sobre a permanência do vice-reitor. Prevaleceu, porém, a proposta de pedir o afastamento de toda a atual gestão.
O conselho não tem poder para destituir reitor, vice ou decanos. Pode, segundo o regimento interno, abrir procedimento administrativo e aprovar sugestão de afastamento.
Ao final da reunião, os estudantes perseguiram Mamiya até seu carro e, na confusão, um segurança acertou um soco nas costas do fotógrafo Edson Gês, do "Correio Braziliense".
No início da tarde, os estudantes queriam levar os jornalistas para a sala da reitoria, invadida. A Folha foi proibida de subir por ter escrito em reportagem que, na primeira noite de invasão, era possível sentir cheiro de maconha no gabinete. Os demais veículos decidiram não subir.
Timothy foi acusado pelo Ministério Público Federal de ter usado irregularmente verba de pesquisa para decoração do apartamento funcional. A Procuradoria também investiga Mamiya. Segundo o "Correio Braziliense", ele teria pago 32 almoços e jantares com recursos que deveriam ter sido utilizados em pesquisas. Também pesa contra o vice-reitor uma viagem a Japão, Taiwan e Coréia do Sul, realizada por ele e assessores no ano passado.
A viagem teria sido financiada com recursos de atendimento à saúde indígena. Ele disse que não houve ilicitude no pagamento das refeições, mas considerou indevido o pagamento das pessoas na viagem.


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