|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Discutir 3º mandato é bobagem, diz Lula
Petista, em visita oficial à Holanda, afirmou que debate sobre esse tema é "falta de assunto" da oposição e voltou a elogiar Dilma
Presidente rejeita hipótese de outro mandato seguido e diz que "qualquer pessoa que se ache imprescindível" põe em risco a democracia
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A HAIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou ontem, de
novo, com uma tirada filosófica
a hipótese de um terceiro mandato consecutivo: "Qualquer
pessoa que se ache imprescindível começa a colocar em risco
a democracia. Pobre do governante que começa a achar que é
insubstituível ou imprescindível, pois está nascendo dentro
dele uma pequena porção de
autoritarismo ou de prepotência. E isso eu não carrego na minha bagagem política".
A frase surgiu durante entrevista concedida a jornalistas
brasileiros no Palácio Noordeinde, onde se hospedou nos
dois dias da visita à Holanda.
Depois, em palestra a empresários brasileiros e holandeses,
Lula retomou o tema ao falar da
descoberta da jazida de petróleo de Tupi. "Em 2010, nós estaremos tirando o primeiro
barril de petróleo dessa nova
jazida. E certamente o Brasil
passará a ser um dos maiores
produtores de petróleo do
mundo e exportador. Só lamento não ser presidente do Brasil
quando tudo isso estiver pronto", afirmou.
Filosofada e brincadeira à
parte, o presidente listou também um conjunto de razões para ser contra um terceiro mandato: "Não me interessa, não é
prudente, a legislação brasileira já prevê apenas uma reeleição, a democracia é um valor
incomensurável e nós não podemos brincar com esse valor, a
alternância de poder é uma coisa extremamente saudável".
Depois, acabou, sem querer,
admitindo que pode surgir algum presidente melhor que ele:
"O país vai experimentando,
experimentando, um dia ele
consegue eleger uma pessoa cada vez melhor do que a outra".
Afastada a idéia do terceiro
mandato, Lula subiu num palanque imaginário e disparou
críticas à oposição sobre diferentes temas.
Primeiro, sobre a própria
idéia do terceiro mandato: "As
pessoas que estão preocupadas
com o terceiro mandato,
achando ruim, nervosas, são as
pessoas que não achavam ruim
quando os militares ficaram 23
anos no poder -aliás, usufruíram muito nesses 23 anos" (numa óbvia alusão ao DEM).
"Posso dizer a vocês uma coisa de coração: eu acho uma bobagem e uma falta de assunto
da oposição ficar discutindo o
terceiro mandato."
Depois, virou a metralhadora
para o PSDB, ao dizer que os
"preocupados" são "as pessoas
que aprovaram a reeleição para
o governo passado".
E voltou a um tema recorrente na sua retórica, o de que a
oposição torce para o país dar
errado. "Quando um partido
tem dez ou 12 deputados e não
tem perspectiva de poder, ele
pode fazer qualquer coisa, mas
um partido que já governou este país por oito anos, ou um
partido que já governou este
país desde que Cabral o descobriu, não pode agir como se fossem estudantes torcendo para
as coisas não darem certo."
Sobre o dossiê com os gastos
de autoridades do governo anterior, o presidente repetiu o
que vem dizendo a ministra
Dilma Rousseff: não é dossiê,
mas banco de dados, "que ficará
pronto daqui a alguns dias".
Afirmou também que "alguém roubou" um documento
do Palácio do Planalto e o vendeu como uma grande novidade, "como se tivesse descoberto
a mina do rei Salomão". Considerou "muito grave alguém
roubar um documento de dentro do Palácio do Planalto".
Quanto à ministra, acabou
caindo em contradição. Uma
jornalista perguntou se ela estava forte. Lula respondeu:
"Qual a razão para ela não estar
forte? A Dilma é uma ministra
extremamente importante, é
uma coordenadora excepcional, é a mulher que faz o PAC
acontecer 24 horas por dia".
Depois, retificou: "Veja,
quando eu digo forte, não tem
ministro forte, não existe ministro forte em nenhum governo e em nenhum regime presidencialista".
Texto Anterior: Mídia: Justiça proíbe jornal de publicar reportagens sobre inquérito Próximo Texto: Frases Índice
|