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Crítica de Dilma a exilados causa polêmica
Opositores e aliados rebatem declaração de ex-ministra de que não "fugiu" à luta contra a ditadura, que visava atingir Serra
Advogado do PSDB decide
representar no TSE contra
candidata e Lula por suposto
uso eleitoral da máquina de
sindicato durante evento
Eliária Andrade/Agência O Globo
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Fernando Gabeira, pré-candidato ao governo do Rio, discursa em convenção de lançamento de pré-candidaturas do PV, em SP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Oposicionistas e até aliados
ao governo condenaram ontem
a declaração da pré-candidata
do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, que, na tentativa de atingir
seu opositor José Serra
(PSDB), criticou militantes de
esquerda que optaram pelo exílio durante a ditadura militar.
"Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho
medo da luta", disse ela, em referência à ditadura, quando foi
para a clandestinidade. Serra,
também opositor ao regime
militar, se exilou no Chile.
"Dilma cometeu uma insensatez igual à de Lula, quando ele
comparou preso político a bandido ao falar sobre Cuba", disse
Roberto Freire, presidente do
PPS. "Miguel Arraes, Luis Carlos Prestes, Apolonio de Carvalho, João Goulart, José Dirceu... Então todos eles foram
fugitivos?", questionou Freire,
que apoia a candidatura de Serra e disse estar organizando um
"ato de desagravo aos exilados".
O pré-candidato do PSOL à
Presidência, Plínio de Arruda
Sampaio, um dos fundadores
do PT, reagiu com indignação à
fala: "É uma frase aloprada de
quem nunca disputou eleição".
Sampaio, que também foi exilado no Chile, acrescentou: "Eu
me sinto contente a respeito do
meu passado. Não tenho nenhum tipo de ressentimento e
tenho orgulho de ter sido exilado, de ter sido cassado".
A deputada Jô Morais (PC do
B-MG), que apoia Dilma, afirmou que "foi um equívoco"
pois a saída de alguns brasileiros do país foi importante para
a própria sobrevivência da ministra, presa durante o regime.
O líder do PSDB no Senado,
Arthur Virgílio (AM), disse que
o comentário de Dilma foi feito
há poucos dias pelo general
Leônidas Pires Gonçalves, que
foi chefe do DOI-Codi e ministro do Exército do governo Sarney (1985-1990). "É incrível o
desrespeito dela. Parafraseando o Romário, ela calada é uma
poeta." Em recente entrevista,
o general classificou de "fugitivos" o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e demais
exilados, pois "ninguém estava
sendo preso impunemente".
Representação
O advogado do PSDB, Ricardo Penteado, anunciou uma representação do partido no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)
contra Lula, Dilma e os presidentes da CUT e da Força Sindical sob a acusação de uso eleitoral da estrutura sindical no
ato de sábado, em São Bernardo do Campo, feito para se contrapor ao lançamento de Serra
-e no qual Dilma disse a frase
sobre os exilados.
"Pela lei, os recursos sindicais, compostos pela contribuição dos trabalhadores, não podem ser usados em campanha
eleitoral", disse Penteado. Ele
pede aplicação de multa e punição aos dirigentes sindicais.
Lula abriu sua fala dizendo
que estava ali para "convencer"
a plateia a votar em Dilma. O
presidente recebeu duas multas recentes do TSE por campanha eleitoral antecipada.
O presidente do PT, José
Eduardo Dutra, afirmou que o
evento foi em local fechado, como permite a lei, e que Lula estava fora do expediente. "Tem
de ter bom senso. Parece que o
PSDB quer ganhar no tapetão."
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