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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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PAINEL

Descaracterização
Antigos militantes da esquerda alertaram Lula, dias atrás, sobre os riscos que o governo corre ao isolar os "radicais" e buscar o apoio do PMDB e de dissidentes do PSDB, PFL e PP.

A outra face
Essa receita de alianças, disseram os militantes a Lula, pode até dar certo para aprovar as atuais reformas, que são de interesse dos conservadores. Mas há o perigo de emperrar o Congresso em votações sobre temas de conteúdo mais para o social.

Quem usa quem
Antes de se eleger, Lula costumava dizer que há alguns anos acreditava que FHC usara taticamente a direita para chegar ao poder, mas que, em seguida, compreendeu que foi a direita que utilizou o ex-presidente para se manter no governo.

Revoada patriótica
Comentário brasiliense: os que estão deixando o PSDB, o PMDB e o PFL para aderir à base parlamentar de Lula criarão uma nova sigla, o PGM. Partido do Governo do Momento.

Desarmamento geral
Renan Calheiros (PMDB-AL) aproveita a onda de violência no Rio para reapresentar no Senado projeto que proíbe o porte de armas para quem não for policial ou segurança. A idéia foi lançada em 1999, quando o hoje senador era ministro da Justiça no governo anterior.

O conhecido pertinaz
À revelia do presidente do PP, Maluf gravou seu próprio programa e enviou a fita às redes de rádio e televisão, que já haviam recebido dos dirigentes nacionais a gravação oficial.

Puxão de orelha

Na última quarta-feira, o PP convidou Maluf para uma reunião e o desautorizou a fazer uso do horário partidário. Pedro Corrêa, atual presidente da sigla, disse que os programas serão por enquanto institucionais.

Por vias tortas
Alguns governadores que fazem oposição a Lula estimulam discretamente seus deputados federais a se transferir para partidos aliados do Planalto. Tais governadores não perderiam apoio em seus Estados e ainda teriam maior facilidade para conseguir verbas federais.

Pagamento da dívida
O Ministério da Justiça formalizou com o governador Ronaldo Lessa (AL) o ingresso de seu Estado no Sistema Único de Segurança Pública. Lessa receberá R$ 10 milhões, prometidos ao se dispor a hospedar o traficante Fernandinho Beira-Mar.

Rédea curta
A nomeação do Luís Favre demorou um mês para se efetivar, porque José Dirceu (Casa Civil) sentou em cima do processo. Só saiu depois que Marta Suplicy reclamou com o Lula.

Letra morta
Dois meses após Lula lançar o programa contra o trabalho escravo, a principal medida -expropriação das terras dos responsáveis- continua emperrada no Congresso. A interrupção do financiamento oficial aos culpados tampouco saiu do papel.

De olho no caixa
O Orçamento de 2003 prevê apenas R$ 69 milhões para as obras do Sivam. E mesmo assim o governo só liberou R$ 23 milhões. Para a conclusão do projeto são necessários R$ 375 milhões, que já foram obtidos com empréstimos externos, mas ficaram retidos para a obtenção de superávit primário.

Calote provisório
O coordenador do projeto Sivam, brigadeiro Ramon Cardoso, afirma que a Aeronáutica está há 40 dias sem pagar seus fornecedores. Pelo contrato assinado com o Eximbank, se o atraso chegar a 90 dias o empréstimo será suspenso.

TIROTEIO

Do prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), sobre a mudança no discurso de Lula após vencer a eleição:
- Em um debate de campanha, Lula disse que o Brasil precisaria de menos contabilidade e de mais política. Na semana passada, disse a mim que o Brasil precisa de mais contabilidade e de menos política. Nada como chegar ao poder para perceber a realidade do país.

CONTRAPONTO

No banco de trás

O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), almoçou há dias, em Brasília, com seu colega Rodrigo Maia (PFL-RJ).
Ao deixarem o restaurante, tomaram um táxi de volta ao Congresso. Discutiam, no banco traseiro, sobre uma votação que ocorreria naquela noite.
Percebendo que transportava uma dupla de políticos, o taxista não hesitou em dar seu palpite:
- Acho que esse negócio de Fome Zero é uma bobagem. O governo tem é que dar emprego e condições para que o trabalhador compre sua própria comida.
Entusiasmado com a opinião, Aleluia exclamou:
- Pois saiba que é esse justamente o programa do PFL!
Mas não conseguiu atrair a simpatia do taxista:
- Não sei se é ou não o programa do PFL. Sei que o PFL apoiou o FHC, que ficou lá oito anos e também não fez nada pelos mais pobres.



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