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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ GUERRA DAS TELES
PSDB e PFL são cautelosos para evitar efeito bumerangue; Tarso desqualifica acusação
Oposição negocia com PT para levar caso Opportunity à CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cautelosos, senadores de oposição estão tentando um acordo
com governistas para levar à CPI
dos Bingos representantes do Opportunity e do Citibank visando
tratar da denúncia de que o PT teria procurado o grupo e pedido
propina de "dezenas de milhões
de dólares" entre 2002 e 2003.
Documento enviado pelo Opportunity à Justiça dos Estados
Unidos sobre o caso foi apresentado à CPI anteontem no depoimento do ex-secretário-geral do
PT Silvio Pereira. Pela versão do
Opportunity, a abordagem petista
foi informada ao Citibank (então
ligado ao banco brasileiro).
Apesar de o documento ter sido
levado à CPI pelo líder do PSDB
no Senado, Arthur Virgílio (AM),
a oposição tem sido prudente
com o assunto. Teme que uma
manobra errada possa abrir brecha para investigar denúncias de
irregularidades nos processos de
privatização do governo Fernando Henrique (1995-2002).
Como a idéia de levar à CPI o
controlador do Opportunity, o
banqueiro Daniel Dantas, também não agrada ao governo, uma
das alternativas propostas por
Virgílio é ouvi-lo em uma sessão
fechada. A saída é negociada pelo
senador Heráclito Fortes (PFL-PI), amigo do banqueiro.
"Aguardarei uma resposta dos
líderes do governo para assinar
um requerimento conjunto e trazer os responsáveis pelo Opportunity e pelo Citibank, sem acareação, sem circo, quem sabe em sessão fechada", disse Virgílio.
Os governistas pediram prazo
até terça para se posicionar sobre
o depoimento de Dantas. O líder
do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), afirmou que "a corrupção entre as relações do Opportunity e do Estado brasileiro ocorreu durante o governo do PSDB e
foi suprimida no governo Lula".
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) desqualificou
a acusação do Opportunity. Segundo Tarso, "a fonte [da acusação] não é muito credenciada".
"Porque a resposta foi dada num
processo judicial dos Estados
Unidos que o [controlador do
grupo] Daniel Dantas está sofrendo. Portanto é uma fonte que, embora nos mereça respeito como
qualquer fonte comum, um cidadão ou uma cidadã, não tem nenhum credenciamento para dar
uma informação desse tipo. Não
envolve o próprio governo, envolve uma relação, segundo essa fonte, o Partido dos Trabalhadores."
Críticas à CPI
Falando na "decadência" daqueles que acusam o PT e o governo federal, Tarso partiu para o
ataque à CPI. Para ele, a comissão
está perdendo a "eficácia" e a "capacidade" de investigação.
"Se vocês analisarem os últimos
fatos que têm ocorrido na CPI dos
Bingos e nas CPIs em geral, vão
perceber que há uma decadência
de fontes. As fontes dos ataques
ao governo, as fontes dos chamados escândalos começam a minguar e a perder cada vez mais a
sua credibilidade", disse.
O presidente da CPI, senador
Efraim Morais (PFL-PB), reagiu
com irritação às declarações de
Tarso. "Se a CPI está minguando,
o ministro deveria autorizar sua
base a concordar com a quebra do
sigilo do senhor [Paulo] Okamotto [presidente do Sebrae], deveria
permitir que o [Jorge] Mattoso
[ex-presidente da Caixa Econômica Federal] e os assessores do
ministro Márcio Thomaz Bastos
viessem depor."
CPI do Silvinho
A ameaça de uma nova CPI ser
instalada no Senado para investigar as declarações de Silvio Pereira sobre os planos do publicitário
Marcos Valério de Souza e de dirigentes petistas de arrecadar R$ 1
bilhão por meio de negociatas
com bancos perdeu força ontem.
A avaliação é que uma nova comissão ficaria inviabilizada devido ao calendário das eleições.
"Acho que não é necessário. O
que precisa é a oposição se articular por um relatório [dos Bingos]
forte, que peça o indiciamento do
presidente Lula. Já há elementos
para isso", disse o líder da oposição no Senado, Álvaro Dias
(PSDB-PR).
(LUCIANA CONSTANTINO, SILVIO NAVARRO, EDUARDO SCOLESE
E PEDRO DIAS LEITE)
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