São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

A estrela do dia

Diálogo entre o apresentador e o enviado da Globo:
- Como é que esta entrevista de Evo Morales repercutiu aí?
- O Evo Morales acabou sendo a estrela do dia... Mostrou que não veio para ser coadjuvante... Foram 200 jornalistas do mundo inteiro e, mesmo com acusações duras, Morales se manteve sereno o tempo todo.
Pelo relato em destaque no site do "Financial Times", na verdade foi uma entrevista dramática:
- Ele duelou raivosamente com repórteres brasileiros que o desafiaram sobre o efeito da nacionalização da estatal brasileira Petrobras, à qual acusou de operar de modo "inconstitucional" na Bolívia. Mostrou que não estava com humor para ceder à pressão para compensar empresas como a espanhola Repsol.
 
Daí para a resposta de Celso Amorim -de que "a reação é quase de indignação dentro do governo brasileiro", ao menos segundo o registro da Globo.
A BBC Brasil relatou o que declarou o chanceler brasileiro:
- Se você quiser usar a palavra indignação, não vai estar muito longe da realidade.
Segundo Amorim, Lula lamentou que a cúpula Europa/ América Latina abrisse com o gás e não com o novo "impulso político" que o Brasil quer dar às negociações comerciais globais.
 
A entrevista foi destaque das páginas iniciais do ft.com ao argentino lanacion.com -este com o enunciado "Duras acusações de Morales à Petrobras".
Mas o boliviano ainda era um figurante para a Espanha de José Luiz Zapatero e da Repsol. Encerrando uma reportagem no "El País", antes da entrevista:
- Zapatero disse que pensa em ver na Áustria o presidente da Bolívia, ainda que "com tempo e formato distintos" do que vai dedicar ao brasileiro Lula. Deu a entender que não tem tempo para o líder indigenista neste momento, já que o estabelecimento do "marco bilateral de negociação levará tempo".
 
Curiosamente, até chegar a dramática entrevista o próprio Morales se mostrava mais contido. Em exclusiva para a Globo News, pela manhã, ele defendeu a permanência da Petrobras na Bolívia e um preço "racional".
E o ministro brasileiro de Minas e Energia, de sua parte:
- Nós concordamos tirar a discussão de preço da imprensa e colocar na mesa de negociação. É o que precisamos fazer, é no que estamos apostando.
Aí veio a entrevista coletiva.


Morales protagonista nos sites


O ANTICHÁVEZ

Nos sites brasileiros, foi destaque a expressão usada ontem pela nova "Economist", para descrever a disputa. Estava no subtítulo, "Lula, do Brasil, foi humilhado por Chávez". No título, "A diminuição do Brasil".
A reportagem editorializada foi um chamado à reação. "A resposta de Lula pareceu fraca", afirmou a revista, a uma ação de Evo Morales "aconselhada e aparentemente inspirada" por Chávez. Citando o questionamento do ex-embaixador em Washington Rubens Barbosa, a "Economist" disse que "há partidarismo em tais críticas, mas também há fundamento". E fechou avaliando que "o Brasil falhou em articular a alternativa ao chavismo".
 
Quem saiu em defesa de Lula, sintomaticamente, foi o comissário comercial da Europa, o britânico Peter Mandelson, para quem "o Brasil é e continuará sendo um líder incontestável", segundo texto no site da BBC.
 
Por via das dúvidas, "Economist" e o colunista Andres Oppenheimer, do "Miami Herald", já saudavam ontem o presidenciável peruano Alan García como potencial antiChávez, ao menos nas palavras. De Oppenheimer:
- Se tem latino-americano com habilidade retórica para desafiar os tiros verbais de Chávez, é Alan García.
E da revista, que apresentou o peruano como favorito:
- Se eleito, Mr. García afirma que aliaria o seu país aos governos moderados -de diferentes tons- como o do Brasil, do Chile e da Colômbia. Ele também se ofereceu para criar uma frente regional contra Mr. Chávez.

economist.com/Reprodução
Na charge da "Economist", o gigante Chávez e Lula


Agenda
"Silvinho" virou um registro de agenda, no final da escalada do "Jornal Nacional", ontem:
- O ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, depõe para promotores e para a polícia.
De notícia, na Folha Online, só mesmo o registro de que "Silvio usou entrevista para pressionar o PT, diz a Polícia Federal".

Cruzada
Mas vem mais por aí. Do blog de Alon Feuerwerker, ontem:
- As pesquisas de Antonio Lavareda convenceram os comandantes de que há um único jeito de fazer Alckmin vencer Lula: transformar a campanha em cruzada contra a corrupção.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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