|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tarso quer pena leve para vazamento "por descuido"
Se envio de dossiê foi sem dolo, punição é só por infração disciplinar, diz ministro
Preocupado com eventuais revelações incômodas que Aparecido possa fazer em CPI ou à imprensa, governo tenta mantê-lo sob controle
KENNEDY ALENCAR
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Tarso Genro
(Justiça) disse ontem à Folha
que, se o vazamento do dossiê
anti-FHC ocorreu por "descuido", e não de forma "dolosa",
caberia apenas punição por
"infração disciplinar" ao responsável por divulgá-lo.
Essa avaliação coincide com
o esforço do governo para encontrar um desfecho o menos
danoso possível para o episódio
de vazamento e confecção de
um documento da Casa Civil
contra adversários políticos.
"A investigação da Polícia
Federal é orientada pelo tipo
penal. Ela tem de averiguar se
houve crimes", afirmou Tarso
Genro. Segundo o ministro, "a
PF faz um trabalho isento, técnico e republicano".
De acordo com investigação
da Polícia Federal e da sindicância interna da Casa Civil, o
funcionário do ministério José
Aparecido Nunes Pires vazou,
por e-mail, o dossiê para André
Fernandes, assessor do senador oposicionista Álvaro Dias
(PSDB-PR).
Preocupado com eventuais
revelações incômodas que
Aparecido possa fazer num
eventual depoimento na CPI
dos Cartões ou à imprensa, o
governo tenta mantê-lo sob
controle e tranqüilo quanto a
eventual punição. O advogado
Eduardo Toledo, contratado
para defendê-lo, orientou o
cliente quanto a falar sobre o
assunto. "Precisamos separar a
parte política da parte jurídica", disse Toledo, que se encontra hoje com Aparecido para
traçar a estratégia de defesa.
O Palácio do Planalto se esforça para preservar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff. Dilma, por sua vez,
esforça-se para preservar a secretária-executiva da pasta,
Erenice Guerra. Erenice deu a
ordem para a confecção do dossiê. Dilma sustenta que o governo fez apenas um banco de
dados, sem caráter de tentativa
de intimidar a oposição.
O governo já negociou com
José Aparecido uma saída da
chefia do Controle Interno da
Casa Civil, o que deve acontecer nesta semana por iniciativa
dele. Funcionário de carreira
do TCU (Tribunal de Contas da
União), ele retornaria ao posto
antigo enquanto o desfecho do
caso resultaria na punição por
infração disciplinar.
Em conversas reservadas,
Aparecido disse a colegas da
Casa Civil que não teria vazado
o dossiê "conscientemente"
-ou seja, de forma dolosa. Aos
amigos, ele insiste em negar
que mandou a planilha com
gastos da ex-primeira dama,
Ruth Cardoso, para o tucano.
Por enquanto, a defesa pretende se concentrar no momento anterior ao vazamento
dos gastos. O advogado Eduardo Toledo pedirá acesso aos
documentos da sindicância na
Casa Civil e do inquérito da PF.
O primeiro passo será provar
que as informações divulgadas
já não eram sigilosas.
Toledo também foi contratado para defender Marcelo Netto, que era assessor do então
ministro Antônio Palocci e foi
acusado de vazar o extrato bancário do caseiro Francenildo
Pereira.
Texto Anterior: Lula dribla lei eleitoral e assegura verba para mais de 550 ações do programa Próximo Texto: Dossiê: Planalto avalia ser inevitável depoimento de Aparecido na comissão Índice
|