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Mídia defende limite a capital estrangeiro
Jornais e TVs recorreram à Procuradoria para pedir medidas contra possível controle de órgãos de comunicação por empresas de fora do país
ANJ e Abert acusam iG, Terra e grupo Ongoing de violar regra que limita capital externo a 30%; iG nega, e demais não se manifestam
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As associações que representam os maiores jornais e canais
de TV do país anunciaram ontem ter ingressado na Procuradoria-Geral da República com
representação em que pedem
investigação e adoção de medidas contra o possível controle,
por empresas estrangeiras, de
órgãos de comunicação no país.
A ANJ (Associação Nacional
de Jornais) e a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de
Rádio e Televisão) pedem que o
Ministério Público adote providências para que o governo faça
cumprir a determinação constitucional que limita a 30% a
participação de capital estrangeiro em empresas de comunicação e reserva a brasileiros natos (ou naturalizados há mais
de dez anos) a responsabilidade
administrativa e editorial.
O presidente da Abert, Daniel Slaviero, afirmou haver dezenas de casos de violação da
regra constitucional. "Há dezenas de casos, mas os mais notórios são o portal Terra e o portal
iG, que têm conteúdo jornalístico operando na internet",
afirmou Slaviero.
"Entramos com a representação com base em duas premissas: que a internet não é
uma terra sem lei e que algum
órgão público tem que fazer valer uma regra constitucional
que está sendo flagrantemente
desrespeitada", disse Slaviero,
em entrevista antes de seminário no Congresso que discutiu
direito autoral na internet.
Material distribuído pela
Abert durante o evento aponta
também outros órgãos de imprensa, como o jornal "Brasil
Econômico", lançado no país
pelo grupo português Ongoing.
"Acreditamos que o Ministério Público irá adotar a iniciativa de defender a execução do
artigo 222 da Constituição, flagrantemente desrespeitado",
afirmou Ricardo Pedreira, diretor-executivo da ANJ.
Questionamentos
Segundo as duas associações,
foram feitos questionamentos
sobre o assunto ao Ministério
da Justiça e à AGU (Advocacia-Geral da União), mas não houve
resposta. A ANJ é presidida por
Judith Brito, diretora-superintendente do Grupo Folha, que
edita a Folha e é acionista majoritário do portal UOL.
A AGU informou que recebeu o pedido e está aguardando
manifestação da consultoria
jurídica do Ministério das Comunicações sobre o tema. Após
esta manifestação do ministério, segundo a AGU, será emitido um parecer. Questionado
pela Folha sobre a consulta das
entidades, o Ministério das Comunicações não respondeu até
a conclusão desta edição.
Procurada pela reportagem
da Folha, a assessoria do iG
afirmou que a empresa é nacional, com sede no Brasil e controlada por uma firma 100%
nacional, a telefônica Oi.
O Terra disse que não iria se
pronunciar porque ainda não
recebeu nenhum comunicado
a respeito da representação feita por ANJ e Abert à Procuradoria-Geral da República.
O grupo português Ongoing
não se manifestou até a conclusão desta edição.
Colaborou a Reportagem Local
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