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REFORMA
Presidente diz que benefícios a mais velhos cresceram em seu governo
FHC diz que aposentado
antes dos 50 é 'vagabundo'
da Sucursal do Rio
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
chamou ontem
de "vagabundos" os que se
aposentam no
Brasil com menos de 50 anos.
"Fiz a reforma da Previdência
para que aqueles que se locupletam da Previdência não se locupletem mais, não se aposentem com
menos de 50 anos, não sejam vagabundos em um país de pobres e
miseráveis", disse FHC.
A frase foi dita quando ele se referia aos benefícios previdenciários que, segundo ele, foram estendidos aos velhos no seu governo. Segundo o presidente, os velhos passaram a ter um programa
de renda mínima que não existia.
Ele disse ainda, sem citar números, que houve um aumento do
valor médio dos benefícios pagos
pela Previdência e acrescentou
que esses são aspectos que precisam ser mantidos na reforma.
Mas em seu próprio governo,
FHC conviveu ou convive com
"aposentados precoces".
Entre as pessoas que se aposentaram antes dos 50 anos estão o
deputado Reinhold Stephanes
(PFL-PA), ex-ministro da Previdência, e o ex-líder do governo na
Câmara, Luís Eduardo Magalhães
(PFL-BA), morto no mês passado.
Stephanes se aposentou aos 47
anos. Luís Eduardo Magalhães,
que morreu com 43 anos, tinha
aposentadoria proporcional como
deputado estadual, mas pediu a
suspensão do benefício em 95.
Ainda no seu governo, outros
ministros se aposentaram antes
dos 60 anos (idade mínima que o
governo quer fixar para a aposentadoria dos novos trabalhadores).
É o caso, por exemplo, dos ministros Gustavo Krause (Meio
Ambiente), que se aposentou aos
51 anos em 1997, e Francisco Weffort (Cultura), que se aposentou
aos 58 anos em dezembro de 1995.
Outro exemplo, considerando-se a idade mínima de 60 anos
para os homens proposta pelo governo, é a do economista Edmar
Bacha, 56, um dos pais do Real. Ele
se aposentou no ano passado como professor universitário.
O total de aposentados e pensionistas do INSS com menos de 50
anos de idade era de 1.933.134 pessoas em dezembro de 96. Esse total
corresponde a 14,9% do total de
segurados com idade conhecida
ou 11% do total de segurados.
O governo tenta hoje reorganizar sua base de apoio para retomar
amanhã a votação dos pontos polêmicos da Previdência, depois da
derrota de quarta-feira passada.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), negou o pedido da oposição de retirada do dispositivo que estabelece o limite de
idade para a aposentadoria dos
trabalhadores da iniciativa privada que estão no mercado de trabalho, previsto na reforma.
O pedido foi encaminhado pelo
PT. Pedido igual foi encaminhado
pelo deputado Arnaldo Faria de Sá
(PPB-SP). A decisão de Temer favoreceu o governo. O item é considerado fundamental para equilibrar as contas da Previdência.
FHC, candidato à reeleição, fez
uma prestação de contas, em tom
de campanha, em palestra de 55
minutos ao abrir o 10º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto
Nacional de Altos Estudos, no Rio.
O tema da palestra -"O Brasil no Limiar do Novo Século"-
permitiu a FHC fazer um resumo
das suas realizações. Após citar como ganhos políticos o aprofundamento do regime democrático e o
avanço na reorganização da sociedade civil, FHC começou a mostrar indicadores de seu governo.
Segundo ele, de 94 para cá o Brasil reduziu em cerca de 12 milhões
o número de pessoas que vivem na
pobreza absoluta, fazendo o indicador cair de 35% para 27%.
Disse que está "invertendo"
uma situação de desequilíbrio nos
gastos sociais, que em 1994 seriam
de 42% para os dois quintos mais
ricos da população e somente 35%
para os dois quintos mais ricos.
Sobre o desemprego, disse que
"o nível de emprego no Brasil
está crescendo", embora o desemprego esteja aumentando, segundo dados do IBGE. Segundo ele,
isso ocorre porque o Brasil paga
hoje o preço de ter mantido um
crescimento populacional próximo a 3% ao ano "20 anos atrás".
Colaborou
Vivaldo de Souza, Denise Madueño e Luiza Damé, da Sucursal de Brasília.
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