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"Tática agressiva
não dá resultado"
BERNARDINO FURTADO
da Reportagem Local
Estudioso da história do sindicalismo brasileiro e testemunha das
grandes manifestações que marcaram as greves de 1978 e 1979, o
cientista político Leôncio Martins
Rodrigues disse ontem que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
continua a exercer um papel inovador na política nacional, mas se
ressente dos impasses criados pela
globalização da economia.
"A situação do sindicalismo hoje no mundo é muito difícil. Entre
os fatores principais dessa crise estão a automação industrial, a terceirização, o trabalho precário e o
crescimento da oferta de empregos em setores de difícil sindicalização como, por exemplo, a informática", afirmou Rodrigues.
Professor titular do Departamento de Ciência Política da Unicamp, Rodrigues considera o atual
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, filiado à CUT, um representante do
sindicalismo que "percebe a necessidade de mudanças na atuação
das entidades sindicais e tenta encontrar saídas inovadoras".
Segundo Rodrigues, as greves de
78 e 79 marcaram o rompimento
com o sindicalismo tradicional
brasileiro que viveu seu auge no
governo do presidente João Goulart (1961-1964). "Na era janguista, a negociação direta entre empregados e patrões significava
aderir ao modelo americano e isso
era veemente rejeitado pelas correntes nacionalistas que dominavam o sindicalismo brasileiro. Essa alternativa era vista por esses líderes como algo reacionário."
Na opinião de Rodrigues, da
mesma forma a atual direção do
sindicalismo do ABC sabe "que as
táticas mais agressivas de pressão
não dão hoje muito resultado", ao
contrário do que ocorreu no final
da década de 70. "Os sindicalistas
da ala de Marinho sabem, por
exemplo, que precisam ser mais
cooperativos num momento em
que muitas indústrias estão deixando o ABC e que o setor metal-mecânico perdeu importância
na economia brasileira."
"Está havendo uma grande dispersão geográfica da produção e as
novas fábricas são menores, dificultando a organização dos trabalhadores pelos sindicatos".
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