São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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PAINEL

Me dê motivo 1
Deputados que deixaram o PSDB para integrar a base de Lula listaram a ex-colegas de partido os atrativos da mudança: cargos em estatais, ajuda para quitar dívidas de campanha e participação no mensalão.

Me dê motivo 2
Os relatos foram feitos à época dos convites, ainda em 2003. Três deles procuraram líderes tucanos para tentar uma contraproposta. Queriam que os presidenciáveis Aécio Neves e Geraldo Alckmin os "ajudasse".

Aves de estação
De acordo com um líder do PSDB, o assunto nem chegou a ser levado aos governadores, e o grupo migrou para siglas da base aliada. Os tucanos estão dispostos a contar na CPI o que sabem sobre os episódios.

Próximos capítulos
O governador de Goiás, Marconi Perilo (PSDB), disse que, caso seja convocado, dirá na CPI dos Correios os nomes dos deputados tucanos que teriam sido assediados com mensalão para mudar de sigla -e também os de supostos aliciadores.

Fio de Ariadne
Não começam nem terminam em Jairo Martins, que ajudou a flagrar Maurício Marinho recebendo propina, as conexões entre o esquema nos Correios, o mensalão e o caso do ex-deputado André Luiz (RJ), cassado após o escândalo da Loterj.

Ajudando a somar
Martins ajudou o empresário do jogo Carlos Cachoeira, autor das gravações que derrubaram André Luiz. Há indícios de que o dinheiro advindo da corrupção na loteria do Rio de Janeiro tenha abastecido o mensalão.

Noites de insônia
A conexão entre os esquemas também passaria pelo ex-assessor de José Dirceu Waldomiro Diniz, outro envolvido no caso Loterj, e um deputado federal do PL, que teme ter sido gravado por Carlos Cachoeira.

Duplo impedimento
Sondado para presidir a CPI dos Correios,Edison Lobão (PFL-MA) não só indicou um dos diretores do IRB, agora demitido, como também tem seu ex-suplente José Teixiera na diretoria do Postalis, o fundo de pensões dos Correios.

Uni duni tê
Uma proposital ambigüidade orienta a momentânea união da cúpula do PMDB: o resultado tanto pode ser a entrada definitiva do partido no governo, como "fiador da governabilidade" na crise, quanto o desembarque.

Saudades eternas
Se a ordem for abandonar Lula, o destino do PMDB pode ser o apoio ao projeto presidencial de Aécio Neves (PSDB-MG). Já há até um mote em construção: 20 anos depois, a chance de efetivar a aliança interrompida com a morte de Tancredo.

Vai que é sua
O acirramento da desconfiança dos peemedebistas com o PT dita o ritmo das conversas com Aécio. "Para livrar a própria cabeça, eles não hesitam em colocar a de quem está com eles na guilhotina", diz um governista.

Velhos amigos
A negociação sobre o futuro do partido reuniu quase diariamente semana passada Renan Calheiros e José Sarney, Eunício Oliveira e os deputados Geddel Vieira Lima, Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco.

Redução de danos
Fernando Henrique Cardoso disse a aliados que a oposição não deveria tentar derrubar o governo. "Temos de extirpar o que pudermos", teria dito, em relação à corrupção.

Preservar o espólio
Tucanos justificam por que não lançam o "fora, Lula": lembram que o PT não sossegou enquanto não derrubou Collor, mas não lucrou com sua queda e perdeu a eleição seguinte.

TIROTEIO

Do deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA) sobre o presidente Lula ter dito que nunca sofreu tanto quanto no jogo da seleção contra a Argentina:
-A seleção está praticamente garantida na Copa. Lula deve se preocupar com seu governo, rumo à desclassificação.

CONTRAPONTO

Na hora H

Na semana passada, o presidente Lula se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) para discutir a crise aberta pelo pedido de CPI dos Correios, que seria agravada dias depois com a denúncia do "mensalão", feita pelo deputado Roberto Jefferson (PTB).
Para descontrair o ambiente, Renan resolveu brincar com Aldo, seu velho conhecido.
-E então, presidente, o senhor gostou do desempenho do PC do B no episódio da CPI?
Dos nove deputados do PC do B, partido do coordenador político, seis assinaram o requerimento. Alguns teriam concordado em retirar os nomes caso funcionasse a operação-abafa, o que não aconteceu.
-É, esses meninos da esquerda... Eles tremem, eles tremem-, respondeu Lula.
Aldo apenas riu.

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