São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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O NOVO PERSONAGEM

Marcos Valério domina mercado publicitário de MG

DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O publicitário Marcos Valério citado por Roberto Jefferson é o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que integra um grupo publicitário formado pelas agências DNA Propaganda e SMP&B Comunicação. Com sede em Belo Horizonte, o grupo detém cinco contas do governo federal, entre elas a do Banco do Brasil.
Esse grupo já detinha, por meio da DNA, a conta do BB durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O grupo expande seus negócios e vê também crescer o número de processos na Justiça, nos quais é réu, e o de autuações fiscais por irregularidades.
Em 1996, a SMP&B Publicidade, dos sócios Cristiano de Mello Paz e Ramon Hollerbach, estava em situação financeira precária. Então, em julho daquele ano, foi criada a SMP&B Comunicação, com o ingresso de dois novos sócios: Clésio Andrade (PL), atual vice-governador de Minas e presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), e Marcos Valério, um ex-servidor do Banco Central com fama de ter muito conhecimento da área financeira.
A partir daí, a SMP&B Comunicação se associou à DNA Propaganda, criada em 1982 e que, hoje, é a maior agência de publicidade mineira. A DNA teve como presidente Daniel Freitas, sobrinho do vice-presidente da República, José Alencar (PL). Daniel morreu em outubro de 2002.
Hoje a DNA detém as contas de publicidade do Banco do Brasil, da Eletronorte e do Ministério do Trabalho. A SMP&B Comunicação trabalha para os Correios e para o Ministério do Esporte. E trabalha também para a Câmara dos Deputados desde 2003. Foram os publicitários do grupo que fizeram a campanha do petista João Paulo Cunha para a presidência da Casa naquele ano.
Das agências sócias, a DNA foi a que mais cresceu. E as duas SMP&B enfrentam agora processo na Justiça por um ato comercial realizado em 1996 -dois anos depois, em 1998, Clésio Andrade saía da sociedade para disputar o governo de Minas como vice na chapa de Eduardo Azeredo (PSDB).
Em abril passado, conforme noticiou a Folha, o Ministério Público Estadual propôs ação de reparação de danos ao patrimônio público por conta de uma fazenda superavaliada ter sido doada ao então banco estatal Credireal para cobrir empréstimo feito pela SMP&B Publicidade. O prejuízo causado, segundo o Ministério Público, teria sido de R$ 8 milhões.
Clésio Andrade nega participação nesse caso, porque alega que ele era sócio só da SMP&B Comunicação.
Clésio e Marcos Valério hoje não se se falam. Após perder a eleição, surgiram rumores de que Clésio tentou voltar para a agência, mas que os sócios não se interessaram pelo seu retorno, pois as empresas já não precisavam mais dele. Clésio negou à Folha essa versão e disse que não se interessava mais pela sociedade, embora tenha dito que enfrentou dificuldades para reaver o dinheiro de sua parte. Após desistir de uma ação na Justiça, houve acordo.
(PAULO PEIXOTO, MÁRIO CÉSAR CARVALHO E LEONARDO SOUZA)

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