São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Candidato, Alckmin faz promessas e ataca Lula

Em um longo discurso, tucano diz que vai diminuir ministério e fazer reforma tributária

Convenção em MG oficializa ex-governador como nome do PSDB para disputar a Presidência; aliança com PFL também é referendada

DOS ENVIADOS A BELO HORIZONTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Num discurso longo e cansativo, o ex-governador Geraldo Alckmin anunciou ontem, ao ser oficializado em convenção candidato do PSDB à Presidente, três medidas a serem tomadas logo na sua primeira semana de governo, caso seja eleito: uma reforma tributária, menos ministérios e medidas para a área da segurança.
Falando ao partido e a pefelistas por uma hora e cinco minutos, em Belo Horizonte, Alckmin leu um texto de 19 páginas, no qual esboçou as linhas gerais de seu programa, enfatizando que o crescimento será uma "obsessão". No fim do discurso, atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citá-lo: "Onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões?".
Segundo os tucanos, o objetivo do longo discurso foi mostrar um projeto de governo, buscando responder as críticas de que o candidato não tem consistência nem idéias.
O longo discurso, no qual Alckmin também apresentou projetos para as áreas de educação, saúde e segurança, acabou dispersando os militantes que, no início da convenção, lotavam o pavilhão. Ao final de sua fala, mais da metade das pessoas já havia deixado o centro de convenções do Expominas.
Alckmin começou com um agradecimento ao anfitrião do evento, o governador Aécio Neves (PSDB), e com críticas ao desempenho econômico do governo Lula. Comparou os atuais índices de crescimento do Brasil aos do Haiti e prometeu eficiência fiscal.
"Vou direto ao ponto. Meu compromisso é enviar ao Congresso, na primeira semana de governo, projeto de reforma tributária que simplifique o modelo, estimule novos investimentos e busque eficiência."
Em seguida, atacou o que chamou de "inchaço" da máquina pública. "Vamos cortar esses ministérios criados à toa [pelo governo Lula]; cabides de emprego", disse.

Nervo exposto
Ponto vulnerável da gestão de Alckmin em São Paulo, a área da segurança pública mereceu destaque na exposição.
"É meu compromisso lançar, na primeira semana de governo, um conjunto de medidas que melhorem a articulação entre as forças da lei e aumentem o trabalho e o resultado da União no setor", disse Alckmin.
Para cada tópico, o candidato tucano entremeava uma crítica ao governo Lula. "Não preciso lembrar o quadro caótico do atendimento público de saúde, embora o atual presidente o veja como "quase perfeito"."
Alckmin reafirmou sua estratégia de dizer que é tucana a paternidade dos programas sociais unidos no Bolsa-Família, carro-chefe da campanha de Lula. "O atual presidente herdou dos antecessores uma rede de proteção social que, em 2002, se estendia a mais de 38 milhões de brasileiros", disse.
Na parte final do discurso, o ex-governador se concentrou na crise do mensalão. Episódios como a apreensão de dólares na cueca de um petista, em julho do ano passado, foram relembrados. "O que os brasileiros viram nos últimos anos não tem paralelo na história do nosso país. Nunca houve tanta desfaçatez e tanto banditismo em esferas tão altas da República."
Nesse ponto, afirmou que quer ser presidente para "restaurar a confiança" da população. Ao encerrar, em tom indignado, se referiu à denúncia da Procuradoria Geral da República no mensalão.
"Que tempos são esses, em que um procurador-geral da República denuncia uma quadrilha de 40 criminosos e no meio da lista estão ministros, auxiliares do presidente, amigos do presidente? (...) Onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões?", questionou.
De acordo com o Diretório Nacional do PSDB, a convenção, por 384 votos, referendou a candidatura Alckmin e a aliança com o PFL.
(VALDO CRUZ, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, CATIA SEABRA, PAULO PEIXOTO E SILVIO NAVARRO)

NA INTERNET - Leia a íntegra do discurso de Geraldo Alckmin http://www.folha.com.br/061624

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