|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Morganti afirma que ministro pediu que ele fosse depor à PF
DA REPORTAGEM LOCAL
O engenheiro Ivo Morganti
Júnior foi ouvido no inquérito
da Polícia Federal em julho de
2003. Ele revelou na semana
passada à Folha que Bastos lhe
telefonou pouco antes do depoimento para pedir que ele
comparecesse à PF de São Paulo. O pedido foi confirmado pela assessoria do ministro.
Durante seu depoimento à
PF, o engenheiro não disse que
os recursos tinham como destino Thomaz Bastos, segundo o
engenheiro, porque não teria
sido perguntado diretamente
pela polícia. "Como é que eu
vou responder um negócio,
num inquérito, se a pessoa não
perguntou? Eu respondi àquilo
que fui perguntado. (...) Se eu
cometi algum perjúrio, vou pagar sob as penas da lei. Nós sabemos disso. Mas não cometi
nenhum perjúrio", disse. Ele
disse à PF na época que "procurou uma alternativa de investimento fora do país".
A PF concluiu que o dinheiro
tinha sido usado pelo engenheiro para "investimentos"
no exterior com o objetivo de
"resguardar o patrimônio" da
agropecuária de eventuais planos econômicos. A polícia diz
que a conclusão se baseou no
depoimento do engenheiro.
Empréstimo
Os US$ 4 milhões foram obtidos no Brasil pela agropecuária
da família Morganti por meio
de um empréstimo tomado no
banco Excel de São Paulo.
"Quem tem tanto dinheiro assim, guardado assim, e pronto?
Acho que ninguém tem. Ninguém guarda dinheiro assim",
disse Maria Dirceu, mãe de
Morganti Jr. O dinheiro foi enviado em julho de 1993 para
uma conta em Liechtenstein,
principado europeu, após passar pelo Uruguai e pelas Ilhas
Cayman. Os dólares foram então usados para aquisição de títulos da empresa offshore (cujos donos são desconhecidos)
Piermont Corporation, com sede no paraíso fiscal das Ilhas
Virgens Britânicas. Daí para
frente, a PF nunca descobriu o
que ocorreu com o dinheiro.
O engenheiro contou que o
pedido para a remessa dos recursos partiu do próprio Bastos. Disse que o banco se encarregou de idealizar e fazer a operação. Por isso, não conhece o
destino da offshore Piermont.
"Tanto eu quanto Márcio
mantínhamos conta nesse banco. (...) Quem cuidou das minúcias não foi eu. Eu digo assim ao
banco: "Você me empresta dinheiro?". "Empresto". "Agora
encaminhe para a conta do
Márcio Thomaz Bastos." Para
mim, perfeito", disse Morganti.
Morganti Jr. e Maria Dirce
foram defendidos por Bastos
nas décadas de 80 e 90 num inquérito que os acusou de participação no assassinato do patriarca da família, Ivo Morganti. O filho foi absolvido das acusações em 1985, enquanto a
mãe recebeu um indulto.
Segundo a PF, as declarações
de Morganti Jr. poderão provocar a reabertura do processo.
"Se foi o sr. Ivo [que deu a declaração], é um fato novo. No
momento em que veio declarar
[na PF], nunca declarou isso. É
um objeto, um novo fato, que
pode ser levado à Procuradoria
da República para ele ser ouvido novamente", disse o delegado Moacir Moliterno.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: [+] Entrevista: Empresário diz que seguiu as instruções Índice
|